CATARATA
Instituto
Penido Burnier
Dr. Leôncio
de Souza Queiroz Neto
O olho humano possui uma estrutura intra-ocular denominada cristalino.
O cristalino está localizado atrás da íris, ele é incolor e
quase completamente transparente, medindo cerca de 4 mm de espessura
e 9 mm de diâmetro.
A função do cristalino é focalizar os raios luminosos sobre
a retina. A capacidade que ele tem de mudar seu formato para
permitir a focalização de objetos próximos sobre a retina, é
denominada acomodação. A partir dos 40 anos, o poder de acomodação
do cristalino torna-se gradativamente reduzido, aparecendo o
que chamamos de presbiopia. A presbiopia é também conhecida
como visão cansada, havendo a necessidade de óculos para perto.
O cristalino pode sofrer algumas alterações como opacificação,
distorção, deslocamento ou anormalidades geométricas.
Qualquer uma dessas alterações vai originar uma visão borrada,
sem ocasionar dor. (fig 2) A alteração mais freqüente do cristalino
é a sua opacificação, que é o que denominamos de CATARATA. A
catarata pode ter várias etiologias como traumática, congênita,
por uso de medicamentos, inflamatória, entre outras. Porém,
a causa mais comum de catarata é aquela relacionada a idade,
também denominada catarata senil. Estima-se que mais de 50%
das pessoas acima de 60 anos e algumas mais jovens sofrem de
catarata.
A catarata, como já mencionado, é a turvação progressiva do
cristalino, interferindo na absorção da luz que chega a retina,
causando uma visão progressivamente borrada. A leitura fica
mais difícil e dirigir um carro pode se tornar perigoso. O portador
de catarata pode se sentir incomodado por luz forte ou ver halos
ao redor das luzes. No início, a mudança no grau dos óculos
pode ajudar, mas com o avanço da catarata a visão vai diminuindo.
Na maioria dos casos a catarata é bilateral, no entanto assimétrica.
Não existe tratamento clínico para a catarata, uma vez formada
o único tratamento existente é a sua extração cirúrgica. A sua
remoção cirúrgica é indicada quando a diminuição visual interfere
com as atividades normais do paciente, gerando uma pior qualidade
de vida. Uma outra indicação para sua extração é quando a mesma
está ocasionando um aumento na pressão intra-ocular do paciente.
Antigamente, a cirurgia de catarata era considerada arriscada
e era evitada sempre que possível. Havia a necessidade de internação
hospitalar por uma semana ou mais e as complicações eram freqüentes,
havendo a necessidade de usar um óculos extremamente forte após
a cirurgia. Hoje em dia muitas coisas mudaram, a cirurgia de
catarata é realizada em regime ambulatorial com anestesia local,
as complicações são menos freqüentes e sempre que possível é
colocada uma lente intra-ocular no lugar daquele cristalino
retirado, evitando assim a necessidade de óculos com lentes
muito fortes no pós-operatório.
Existem atualmente duas técnicas para extração da catarata:
a extração extra-capsular do cristalino (EECC) e a facoemulsificação.
A EECC é uma técnica ainda muito utilizada, porém ela exige
uma grande incisão para a retirada da catarata, havendo assim
a necessidade de mais pontos cirúrgicos, levando a um retardo
na recuperação da visão nítida; para a nitidez visual leva-se
de 60 a 90 dias.
Já a facoemulsificação, é uma técnica mais avançada. Ela consiste
em uma pequena incisão, através da qual entra um aparelho que
se utiliza de ondas de ultra-som para fracionar o cristalino
e aspirar todos os seus fragmentos. Durante a cirurgia é mantida
a cápsula posterior (saco capsular) do cristalino, para que
sobre ela seja colocada uma lente intra-ocular (LIO). Nesta
técnica cirurgia emprega-se as lentes intra-oculares flexíveis
ou expansíveis, pois estas LIOs serão implantadas por uma incisão
pequena. A incisão tunelizada e auto-selante ; irá cicatrizar-se
com ajuda da pressão natural do olho, entretanto, o médico poderá
decidir executar um ponto para maior segurança. Essa técnica
permite uma recuperação visual mais rápida que a EECC, devido
a pequena incisão e as LIOs dobráveis e ou expansïveis.
Em algumas ocasiões pode não ser possível o implante da LIO
no ato cirúrgico, nesses casos o paciente tem a alternativa
de uso de óculos ou lente de contato ou até mesmo de fazer um
novo implante de LIO num segundo tempo cirúrgico.
Apesar de todo o avanço na cirurgia da catarata e de todo o
cuidado do cirurgião, o paciente tem que ter em mente, que como
todo ato cirúrgico, essa cirurgia não é banal e nem isenta de
complicações.
O fato desta cirurgia usar equipamentos digitais, computadorizados
e que são dotados da mais alta tecnologia não a eximem das complicações
das complicações. A visão é a responsável por 85% a 90% do nosso
relacionamnto com o meio ambiente...com a vida.
As Complicações como descolamento de retina, opacificação da
córnea, aumento da pressão intra-ocular, inflamação e infecção
ocular podem ocorrer, embora pouco freqüentes.
No período de recuperação é muito importante que o paciente
siga todas as orientações de seu médico, use adequadamente as
medicações prescritas e compareça a todos os retornos marcados,
para evitar ou mesmo detectar precocemente qualquer complicação.
As pessoas tem diferentes períodos de recuperação, mas a maioria
dos pacientes apresentam uma melhora significativa da visão
rapidamente após a cirurgia.
Geralmente o paciente vai necessitar de óculos após a cirurgia,
sendo que o mesmo costuma ser prescrito em torno de 4 a 6semanas
de pós-operatório; muitas vezes estes óculos são apenas para
a visão de perto (leitura).
Uma vez removida, a catarata não voltará. No entanto, com o
decorrer do tempo, em alguns paciente pode haver uma opacificação
daquela cápsula posterior que foi preservada para poder ser
implantada a LIO. Nesses casos o problema é geralmente resolvido
por meio de um rápido tratamento denominado Yag Laser, que é
realizado no próprio consultório.
DR.LEONCIO DE SOUZA QUEIROZ NETO
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