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RECONSTRUÇÃO DA MAMA

Dr. Ricardo Cavalcanti

Ao escrever para esta coluna, ao invés de escolher um assunto ligado à estética ou rejuvenescimento, julguei conveniente um tema de interesse crescente e geral: o câncer de mama.

Os números de uma maneira fria apontam para uma incidência em torno de 10% de toda população feminina, que já foram, estão ou serão acometidas pelo câncer mamário. Mas, é importante e ouso dizer que a mortalidade por esta doença vem diminuindo dramaticamente, devido ao seu diagnóstico precoce através da valorização do auto-exame, o uso de equipamentos mais sensíveis e um maior entendimento da doença. Em última análise, isto significa melhor qualidade de vida.

A mama possui uma importância singular para a mulher, sua retirada total ou parcial com objetivo de tratamento, obriga as pacientes utilizarem soutiens com enchimentos (próteses externas). Estudos recentes apontam invariavelmente para uma "seqüela psicológica", a qual, considero mais grave que a própria deformidade deixada pela mastectomia. Em condições em que se faz necessário cirurgia para o câncer mamário, tenho observado um complexo conjunto de significados intimamente ligados tanto a auto-estima quanto a auto imagem-corporal, necessitando de amparo familiar diante de tal situação.

Nas últimas duas décadas pode-se verificar enormes avanços na área da cirurgia plástica, mais especificamente em técnicas reconstrutivas. Essas possibilitam a reintegração das pacientes através de reconstruções mamárias. De acordo com período em que são executadas podem ser: imediatas (no mesmo momento da mastectomia) ou tardias (via de regra 2 anos após a mastectomia). Pode-se utilizar o próprio tecido do paciente ou próteses. Minha preferência recai sempre para a utilização do próprio tecido do paciente. Assim, realiza-se a retirada de tecido do abdome transferindo-o para o tórax com objetivo de se recriar uma nova mama. Com esta técnica além de uma nova mama, existe um ganho adicional que é uma plástica abdominal. Cabe ressaltar que é possível efetuar a reparação do seio removido devolvendo a sua forma, seu contorno, e até mesmo a sensibilidade semelhantes à condição anterior.

Com desenvolvimento das reconstruções, somadas ao apoio psicoterápico tenho observado uma perfeita reintegração ao convívio social e familiar. Posso afirmar, baseado em observações, que as pessoas submetidas à reconstrução aumentam a sua auto-estima e passam a desejar componentes estéticos corporais de uma maneira muito mais exigente do que aquelas que não foram operadas.

Na atualidade, observa-se uma tendência menos mutiladora na cirurgia do câncer da mama, propiciando procedimentos mais simplificados de cirurgia plástica para restaurá-la.

Finalizando é importante que, na ausência de meios preventivos para esta doença, sejam feitas campanhas permanentes para orientação de sua detecção precoce.

Dr. Ricardo Cavalcanti
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

 
 

 
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