Há
alguns anos, a grande preocupação da equipe médica em relação
ao câncer era a sobrevivência dos pacientes. Atualmente, o
foco do tratamento mudou, ou seja, a preocupação passou a
ser também a qualidade de vida que ele vai ter durante e após
o tratamento oncológico.
A
fisioterapia oncológica é um dos procedimentos que estão sendo
adotados nesse sentido, tanto após uma cirurgia de câncer
como também durante todo o tratamento. Esse recurso pode ser
utilizado em todos os casos, como nos de câncer de mama, tumores
de cabeça e pescoço, além dos relacionados ao sistema músculo-esquelético.
Muitas
vezes, a fisioterapia começa no período pré-operatório. O
cirurgião encaminha o paciente ao fisioterapeuta especializado
para que seja feita uma preparação pulmonar, o que vai facilitar
no transcorrer da recuperação pós-cirúrgica. Esse tipo de
procedimento pode ocorrer, por exemplo, nos casos de tumores
de cabeça e pescoço, cirurgia abdominal alta e em pacientes
com idade avançada ou ainda com história de tabagismo e sobrepeso,
fatores que aumentam o risco pós-operatório.
O
tratamento fisioterapêutico também é importante durante as
fases de quimioterapia e radioterapia. É o caso dos tumores
de cabeça e pescoço, nos quais a pessoa passa a respirar por
um orifício no qual o ar não é previamente filtrado nem aquecido,
o que causa o acúmulo de secreção e conseqüente dificuldade
do paciente expectorar. Nessa situação, a fisioterapia tem
o objetivo de melhorar a condição funcional respiratória e
evitar distúrbios pulmonares como, por exemplo, pneumonias.
No
caso do câncer de mama, o grande problema é o esvaziamento
ganglionar, ou seja, a retirada dos gânglios linfáticos existentes
na axila. Isso dificulta na movimentação do braço, principalmente
nos movimentos de abertura lateral. O tratamento auxilia na
recuperação e na prevenção dos distúrbios linfáticos.
A
fisioterapia tem uma atuação fundamental dentro da oncologia.
A preocupação dela não é focal, mas sistêmica. Ou seja, não
se preocupa apenas com o local afetado pelo câncer, mas com
a repercussão do problema em todo o organismo da pessoa, além
da sua auto-estima e qualidade de vida. A principal meta da
fisioterapia oncológica é mostrar ao paciente a necessidade
de retomar as atividades diárias e oferecer a ele condições
para isso.
José
Renato Almeida Oliveira é
fisioterapeuta do Hospital Vita Curitiba e
especialista em fisioterapia oncológica