Depressão
Dr.
Sandra R. S. Gasparini
Até
pouco tempo atrás a depressão não era considerada
uma doença, mas uma alteração do caráter
e da força de vontade, ou seja, uma reação
psicológica de pessoas fracas e incapazes de resolver
seus próprios problemas.
Apesar
do grande estigma que ainda acompanha a DEPRESSÃO, sabe-se
hoje que é uma doença séria e incapacitante,
que tem tratamento e cura na grande maioria dos casos. Na verdade,
não é o indivíduo incapaz que tem depressão,
mas a depressão que incapacita o indivíduo para
o viver saudável e pleno.
A
depressão pode ser definida como um distúrbio
do humor, com duração maior do que duas semanas,
causado pela deficiência de determinadas substâncias
(serotonina, noradrenalina e dopamina) no cérebro. Pode
afetar homens e mulheres em qualquer fase da vida, e sem um
fator desencadeante grave. É mais freqüente em adultos
jovens e em indivíduos com antecedentes familiares de
depressão, e com a tendência atual de envelhecimento
populacional, passa a ser uma doença muito importante
na terceira idade.
A
pessoa deprimida sente-se incapaz, desinteressada pelas coisas,
com sua energia vital diminuída. Os sentimentos são
tantos e tão confusos que às vezes tem-se a impressão
de que se está "anestesiado", sem sentimentos.
Pode haver tristeza intensa, choro fácil, irritação
com pequenos problemas, sensação de menos valia,
vontade de abandonar tudo e todos. As atividades antes feitas
naturalmente, como tomar banho, vestir-se, cuidar de suas coisas,
dar conta dos compromissos, agora são feitas com um esforço
enorme.
O
indivíduo fica desleixado, tudo perde a importância,
a cor. Perde-se o sentido de viver. O apetite muda (ou para
mais ou para menos), os hobbies preferidos, os amigos, o sexo,
tudo perde a graça. Há alterações
no padrão de sono - a insônia é comum, mas
muitos queixam-se de sono e cansaço excessivos. Geralmente
o deprimido prefere o isolamento, um lugar quieto onde possa
ficar só com suas tristezas. O pensamento pode estar
confuso, pois os sentimentos estão exacerbados, mas o
indivíduo tem consciência do seu sofrimento e do
sofrimento que causa; não consegue encontrar um motivo
que justifique esta tempestade emocional ( "meu marido
é bom, meus filhos lindos ..." ), ao mesmo tempo
que não consegue reagir a esta tendência interior.
A depressão também pode causar manifestações
predominantemente físicas, a chamada depressão
mascarada, o que pode dificultar o diagnóstico.
A
depressão deve ser tratada, na maioria das vezes com
medicamentos e psicoterapia. Os antidepressivos não causam
dependência e agem através da reposição
da substância que está em falta no cérebro.
O início do efeito dos antidepressivos é demorado
e o tratamento dura de 4 a 6 meses, às vezes mais. Os
efeitos colaterais geralmente são bem tolerados, e temos
novos antidepressívos disponíveis.
É
importante saber que o deprimido não tem controle sobre
as manifestações da doença, não
é um "louco" ou um caso "perdido",
entende, mas não consegue responder a estímulos
ou conselhos. Precisa de amor e compreensão, até
que esta "fase" passe.
A
depressão é uma doença que sempre existiu,
mas que atualmente apresenta uma grande incidência; talvez
seja um "mal" necessário a uma época
em que as pessoas estão envolvidas em um dia a dia que
pouca atençã ( Nietzche )
Dra.
Sandra R.S.Gasparini
Clínica geral e Geriatra.
CRM 67743
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