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Menopausa e Fluxo Menstrual

Caro Dr.
Meu nome é Silvia, tenho 40 anos, sou casada e tenho 3 filhos: com 15, 13 e10 anos.
Indo direto ao assunto, eu tenho excesso de fluxo menstrual. Convivendo com ele há mais de um ano, este problema acarretou uma anemia praticamente crônica, uma vez que o meu organismo não consegue repor, no intervalo do meu ciclo de 28 dias, todo o ferro perdido em cada menstruação.
Já consultei dois médicos diferentes, e cada um deles diagnosticou uma origem diferente para este mesmo problema e, naturalmente, receitaram tratamentos diferentes:
O primeiro detectou uma menopausa precoce e me receitou um tratamento a base de reposição hormonal.
O segundo desaconselhou totalmente o uso de hormônios na minha idade, e receitou um diurético para diminuir a retenção de água pelo organismo,responsável pelo meu mal-estar nos dias que precedem a menstruação,acompanhado de uma suplementação de ferro.
E ambos disseram que uma futura extração do útero seria inevitável, a curto ou médio prazo.
Recentemente, em conversa informal com um amigo médico-ginecologista, ele me contou que um novo tratamento para este tipo de problema tinha sido recém-desenvolvido e que evitaria os casos de extração do útero: ablação do endométrio. Sugeriu, entretanto, que eu me submetesse a uma consulta médica para confirmar o diagnóstico.
Como os outros dois médicos das consultas anteriores, além de resolverem o meu problema, não citaram a eventual possibilidade ou alternativa de um tratamento como o comentado pelo terceiro médico, eu me sinto completamente perdida e sem saber em quem confiar.
Por isso peço a sua preciosa ajuda.
Atenciosamente,

Silvia
Cara Silvia,
Para que você possa entender melhor o que está acontecendo, quero antesexplicar alguns conceitos importantes.
Primeiramente, a palavra "menopausa" - o que significa? Este termorefere-se tão somente à data ou época em que a mulher menstrua pelaúltima vez. Por exemplo, se parou de menstruar em maio de 1996, aos 45 anos, então a menopausa ocorreu em maio de 96, aos 45 anos. Os meses que antecedem a menopausa e os que a sucedem são o período que chamamos de"perimenopausa" ("em torno da menopausa"). A palavra "climatério" é algumas vezes confundida com menopausa, mas na verdade se refere ao período em que a mulher não mais apresenta fertilidade, que coincide com a perimenopausa. A menopausa é dita "precoce" quando a parada das menstruações ocorre antes dos 40 anos, já que geralmente ocorre após esta idade: às vezes aos 40, às vezes aos 45 ou até aos 50 anos.

Em segundo lugar, precisamos diferenciar dois tipos de hemorragia que podem acontecer nesta faixa etária: 1º) a mulher apresenta ciclos menstruais regulares, isto é, a cada 28 a 35 dias, com aumento da quantidade e/ou da duração (90% das vezes), mas não apresenta sangramento fora do ciclo ; 2º) a mulher apresenta ciclos irregulares, isto é, não tem dia certo para menstruar, com ou sem hemorragia (aumento da quantidade). Em qualquer dos dois casos, a menstruação pode ou não ser acompanhada de cólicas, desde as leves até as muito intensas.

Agora podemos voltar ao seu problema. Pelo que entendi, você apresenta o primeiro tipo de alteração: menstrua regularmente, embora com intensa hemorragia, o que indica, em primeira análise, a menor gravidade da situação. Aquele segundo tipo tende a ser mais grave, embora ambos possam ser devidamente tratados.

O que fazer?

  1. É importante fazer um ou mais hemogramas, que permitem avaliar o grau de anemia, bem como avaliar o controle medicamentoso à base de ferro. Eu não indicaria diuréticos neste caso, pois pode agravar o mal-estar ou a tontura causada pela anemia.
  2. Como eu já referi, os ciclos nesta idade são muitas vezes acompanhados de hemorragia. Quando esta é muito intensa a ponto de causar anemia, precisamos investigar a causa de tal alteração.
  3. Para tanto, eu preciso de algumas informações:
    1. as menstruações são acompanhadas de cólicas?
    2. como está o exame ginecológico: o útero está aumentado?

    um exame de fundamental importância é o ultra-som, pélvico ou transvaginal, que permite detectar o tamanho preciso do útero, bem como dos ovários, assim como a presença de miomas (espessamentos domiométrio, que é a "parede" do útero) e a espessura do endométrio(camada interior do útero, que descama nas menstruações).

outro exame do qual possivelmente vou precisar é o exame anátomo-patológico do endométrio, colhido através de uma curetagem uterina (não se assuste, pois as curetagens são procedimentos de rotina,com o qual os ginecologistas estão perfeitamente habituados. Pode-se fazer uma internação pela manhã, com alta no fim da tarde).

Silvia, espero não ter complicado muito a questão, mas tive que me prolongar para deixar tudo mais claro. Por favor, não deixe de me responder, inclusive com os resultados dos exames que você já tiver feito. Assim poderei dar seqüência e possivelmente dar uma direção que você possa seguir.
Um grande abraço!

Dr. Irineu Wajntraub - Ginecologista e Obstetra
 
 

 
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