A
hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae (ou bacilo de Hansen
- em homenagem a seu descobridor), este bacilo apresenta-se sob
a forma de bastonete, na maioria das vezes reto ou ligeiramente
encurvado, é álcool-ácido resistente. O bacilo de Hansen é um
parasita intracelular obrigatório e que apresenta afinidade por
células cutâneas e por células dos nervos periféricos.
A
principal fonte de infecção é o homem, através das formas contagiantes
(hanseníase dimorfa ou hanseníase virchowiana) da doença, uma
vez que somente estas são capazes de eliminar bacilos no meio
exterior porque possuem carga bacilar considerável na derme e
mucosas.
As
vias aéreas superiores são consideradas a principal porta de entrada
do bacilo de Hansen. Há também a possibilidade da transmissão
via cutânea, quando existem lesões ulceradas ou traumáticas na
pele. Seu período de incubação vai de 2 a 7 anos. A clássica afirmativa
da necessidade de um "contato prolongado e íntimo" parece ser
parcialmente verdadeira quando a aglomeração e promiscuidade existem.
A
resposta imune do paciente é que vai determinar os diferentes
estágios da doença - Hanseníase Virchowiana, Hanseníase Dimorfa,
Hanseníase Indeterminada e Hanseníase Tuberculóide.
Em
se tratando de uma doença infecto-contagiosa granulomatosa de
evolução insidiosa e grande potencial incapacitante, o diagnóstico
precoce deve ser o primeiro objetivo das ações de controle da
doença.
A
hanseníase não é apenas uma doença da pele, mas também, uma doença
dos nervos periféricos. No exame dermatológico devem ser investigadas:
manchas, nódulos, infiltrações, placas, alopécia localizada, ulcerações
e calosidades, que podem estar presentes nas diferentes formas
da hanseníase. Para o exame neurológico procede: a pesquisa de
sensibilidade nas lesões ou nas áreas suspeitas, a palpação dos
principais nervos periféricos e a verificação da integridade anatômica
e avaliação motora das mãos, pés e face.
Atualmente
o tratamento segue a poliquimioterapia (PQT) e depende da classificação
do paciente em paucibacilar (HI ou HT com baciloscopia negativa)
ou multibacilar (HD ou HV com baciloscopia positiva).
Esquema
padrão - PQT/OMS
- Paucibacilar
- Rifampicina
600mg uma vez por mês, supervisionados
- Dapsona
100mg uma vez ao dia, auto-administrados
- Duração
do tratamento: 6 doses supervisionadas, obedecendo critérios
de regularidade.
- Multibacilares
- Rifampicina
600mg uma vez por mês, supervisionados
- Clofazimina
- 300mg
uma vez por mês, supervisionados
- 100mg
em dias alternados, auto-administrados
- 50mg
diários, auto-administrados
- Dapsona
100mg uma vez ao dia auto-administrados
- Duração
do tratamento: 24 doses supervisionadas, obedecendo critérios
de regularidade.
Existem
outras drogas usadas como coadjuvantes no tratamento de problemas
que ocorrem com indivíduos com hanseníase. Atualmente a hanseníase
é considerada uma doença curável e estamos tentando eliminá-la
de nosso país como foi feito com a paralisia infantil.
Dr.
Paulo César Madi - Clínica Médica - Santo
Antônio da Posse - SP