Google
 

Hanseníase

Olá a todos da S&V!!

Sou aluno do Curso de Técnico em enfermagem e gostaria de obter algumas informações recentes sobre o tratamento da hanseniase. O meu objetivo é expor em uma aula para os colegas, uma versão mais atual da doença. Recorro a S&V por saber que os assuntos da saúde são expostos de uma maneira fácil de compreensão mas sem deixar de lado a importâncias das diversas patologias existentes.

Desde já agradeço!!

Marco

Prezado Marco,

A hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae (ou bacilo de Hansen - em homenagem a seu descobridor), este bacilo apresenta-se sob a forma de bastonete, na maioria das vezes reto ou ligeiramente encurvado, é álcool-ácido resistente. O bacilo de Hansen é um parasita intracelular obrigatório e que apresenta afinidade por células cutâneas e por células dos nervos periféricos.

A principal fonte de infecção é o homem, através das formas contagiantes (hanseníase dimorfa ou hanseníase virchowiana) da doença, uma vez que somente estas são capazes de eliminar bacilos no meio exterior porque possuem carga bacilar considerável na derme e mucosas.

As vias aéreas superiores são consideradas a principal porta de entrada do bacilo de Hansen. Há também a possibilidade da transmissão via cutânea, quando existem lesões ulceradas ou traumáticas na pele. Seu período de incubação vai de 2 a 7 anos. A clássica afirmativa da necessidade de um "contato prolongado e íntimo" parece ser parcialmente verdadeira quando a aglomeração e promiscuidade existem.

A resposta imune do paciente é que vai determinar os diferentes estágios da doença - Hanseníase Virchowiana, Hanseníase Dimorfa, Hanseníase Indeterminada e Hanseníase Tuberculóide.

Em se tratando de uma doença infecto-contagiosa granulomatosa de evolução insidiosa e grande potencial incapacitante, o diagnóstico precoce deve ser o primeiro objetivo das ações de controle da doença.

A hanseníase não é apenas uma doença da pele, mas também, uma doença dos nervos periféricos. No exame dermatológico devem ser investigadas: manchas, nódulos, infiltrações, placas, alopécia localizada, ulcerações e calosidades, que podem estar presentes nas diferentes formas da hanseníase. Para o exame neurológico procede: a pesquisa de sensibilidade nas lesões ou nas áreas suspeitas, a palpação dos principais nervos periféricos e a verificação da integridade anatômica e avaliação motora das mãos, pés e face.

Atualmente o tratamento segue a poliquimioterapia (PQT) e depende da classificação do paciente em paucibacilar (HI ou HT com baciloscopia negativa) ou multibacilar (HD ou HV com baciloscopia positiva).

Esquema padrão - PQT/OMS

  • Paucibacilar
    • Rifampicina 600mg uma vez por mês, supervisionados
    • Dapsona 100mg uma vez ao dia, auto-administrados
    • Duração do tratamento: 6 doses supervisionadas, obedecendo critérios de regularidade.
  • Multibacilares
    • Rifampicina 600mg uma vez por mês, supervisionados
    • Clofazimina
      • 300mg uma vez por mês, supervisionados
      • 100mg em dias alternados, auto-administrados
      • 50mg diários, auto-administrados
    • Dapsona 100mg uma vez ao dia auto-administrados
    • Duração do tratamento: 24 doses supervisionadas, obedecendo critérios de regularidade.

Existem outras drogas usadas como coadjuvantes no tratamento de problemas que ocorrem com indivíduos com hanseníase. Atualmente a hanseníase é considerada uma doença curável e estamos tentando eliminá-la de nosso país como foi feito com a paralisia infantil.

Dr. Paulo César Madi - Clínica Médica - Santo Antônio da Posse - SP

 
 

 
Todos os direitos reservados. Qualquer forma de reutilização, distribuição, reprodução ou publicação deste conteúdo é expressamente proibida, estando sujeito o infrator às sanções legais cabíveis, de acordo com a lei 9610/98.