Catapora
na Gravidez
Minha
esposa contraiu Catapora na sétima semana de gravidez. Estamos
muito preocupados, uma vez que fomos informados que existem probabilidades
de o feto sofrer algum tipo de anomalia, seqüelas, tais como:
cegueira e microcefalia.
Nossa
orientadora, ginecologista, nos pôs diante deste fato para
estarmos cientes das possíveis consequências desta varicela; disse-nos,
também, que é muito boa a perspectiva de nada acontecer com o
nosso bebê.
Por
favor, o que mais poderia ser esclarecido sobre este assunto nestas
condições, e se possível, uma orientação no sentido se devemos
continuar com a gravidez.
Obs.
Fizemos uma ultra-sonografia, e o bebê está com 12 semanas;
no laudo, tudo está normal.
Ricardo
Prezado
Ricardo,
A
ocorrência de Varicela na gravidez é rara, estimada
em 0,8 a 5 casos por 10.000 gestações. O risco de
transmissão varia conforme a época da gestação,
sendo duas vezes maior quando a erupção materna
aparece cinco dias antes do parto do que quando se manifesta mais
precocemente (Gershon,1990).
O
risco de transmissão congênita está estimado
em torno de 3,5% ate a 20a. semana de gravidez(Cradock e Watson,1990).
Grose e col (1989) descreveram o risco de transmissão fetal
durante os dois primeiros trimestres de gestação
em torno de 24% (transmissão do vírus e não
de consequências p/ o feto) e 5% de acometimento fetal.
Higa e col. (1987) descreveram 52 crianças cujas mães
tiveram varicela nas primeiras semanas de gestação
das quais 27 apresentaram anomalias congênitas (Síndrome
de Varicela congênita) enquanto que as outras 25 desenvolveram
Herpes-Zoster no período pos-natal imediato. A maioria
das mães cujos filhos apresentaram anomalias congênitas
haviam contraído varicela nas primeiras 20 semanas de gestação
enquanto que as outras cujos filhos desenvolveram Herpes-Zoster
tiveram varicela após a 21a. semana de gravidez. O quadro
clínico da varicela congênita é vasto e pode
causar dano esquelético, ocular, do trato urinário,
sistema nervoso central e pele. Acredita-se que as lesões
de pele constituam os sinais mais evidentes da anomalia causada
pelo vírus.
As
anomalias congênitas mais frequentemente encontradas na
infecção intra-uterina precoce são: cicatrizes
cutâneas (70%), lesões oculares(62%), hipoplasia
de membros (46%), e lesões do sistema nervoso central (30%).
A hipoplasia de membros é mais frequentemente unilateral
com ausência, hipoplasia ou fusão de dedos associada
a anomalias dos pés.
Deve
ser salientado que o quadro agudo materno no primeiro trimestre
da gravidez é acompanhado de um baixo risco de anomalias
fetais.
O
acompanhamento ideal é através da ultra-sonografia
morfológica realizada com 20, 24 e 32 semanas de gravidez.
Pode ser realizada a cordocentese, coleta de sangue fetal para
sorologia específica. Outra alternativa é o isolamento
do vírus em líquido amniótico realizado com
13 semanas.
Prof.
Dr. Thomaz Rafael Gollop Instituto de Medicina Fetal e Genética
Humana de São Paulo
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