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Inseminaçõo Artificial

 

Gostaria de mais informações sobre inseminação artificial, sou estudante de direito e vou fazer uma monografia sobre o assunto. Desde já agradeço

Mauricio

Prezado Mauricio,

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

Inseminação artificial com espermatozóides do cônjuge.

A inseminação artificial com espermatozóides do cônjuge (IAC) é um método antigo proposto diante de uma infertilidade do casal. Durante muito tempo empírico, este método consistia em depositar o sêmen do marido dentro da vagina, ou no colo do útero, no momento da ovulação. Os primeiros resultados parecem ter sido devidos a Hunter, médico inglês, no final do século XVIII. Nos anos 70 esta técnica foi bastante utilizada por numerosos ginecologistas e várias vezes com indicações não muito precisas, resultando uma taxa de sucesso bastante reduzida (2 a 4%). Com a chegada da fertilização "in vitro" nos anos 80 esta técnica foi temporariamente abandonada e considerada bastante arcáica. Entretanto, nos dias de hoje, a IAC encontra novamente o seu espaço no tratamento do casal infértil. Alguns fatos podem explicar este acontecimento:

1. Um melhor conhecimento das diferentes etapas que precedem a fecundação;
2. A tentativa de encontrar métodos mais simples e menos agressivos que a Fertilização "in vitro", hoje melhor conhecida e também tendo os seus limites.

Enfim, para uma indicação precisa da técnica de reprodução assistida mais indicada no tratamento do casal infértil é extremamente importante uma avaliação detalhada e um diagnóstico preciso do fator de infertilidade do casal permitindo assim maiores chance de conseguir a tão desejada gravidez.

IAC se coloca entre as técnicas de reprodução assistida como uma técnica que permite optimizar as chances de gravidez, em casos com indicações bem definidas ( distúrbios ovulatórios; alterações no muco cervical; determinadas alterações na qualidade do sêmen)

A Inseminação Artificial consiste em depositar os espermatozóides a diferentes níveis do trato genital feminino. Esquematicamente ela pode ser realizada segundo duas modalidades:

  • Inseminação Artificial Intra-cervical (IC)
  • Inseminação Artificial Intra-uterina (IU).

A Inseminação Cervical é um método simples que permite reproduzir as condições fisiológicas da relação sexual, porém, não apresenta, teoricamente, nenhum elemento de superioridade em relação ao ato sexual. Suas indicações são bastante limitadas se restringindo aos casos de impossibilidade de uma relação sexual normal ou de uma ejaculação intra-vaginal (malformação sexual; distúrbios sexuais; distúrbios na ejaculação).

A Inseminação Artificial Intra-Uterina consiste em depositar espermatozóides móveis capacitados ( aptos a fertilizar, pós tratamento do sêmen em laboratório) no fundo da cavidade uterina no momento da ovulação. Este método, mais complexo que o precedente, representa uma alternativa de tratamento menos agressiva que outras técnicas de Reprodução Assistida. O objetivo deste método é aumentar as possibilidades naturais de fecundação. Vários elementos são necessários a este objetivo:

1. Estimulação Ovariana: a paciente é submetida a um tratamento hormonal para maior produção de óvulos, porém este estímulo deverá ser controlado por ultra-sonografia e dosagens hormonais na tentativa de controlar o número de óvulos, já que existe o risco de hiperestimulação ovariana e gravidez múltipla. A Inseminação Artificial deverá ser realizada no momento preciso da ovulação.

2. O tratamento do sêmen: As técnicas de seleção e capacitação dos espermatozóides "in vitro" permitem selecionar espermatozóides móveis capacitados (aptos a fertilizar) liberando-os do líquido seminal.

Vantagens da via intra-uterina:

1. Exclui a necessidade de presença de muco cervical (o muco cervical é necessário a migração dos espermatozóides durante o processo de fecundação natural), que pode estar ausente por distúrbios na ovulação ou alteração anatômica do colo uterino (pós cirurgia ou processo infeccioso). Em outros casos o muco poderá estar presente porém ser hostil a penetração dos espermatozóides (acidez ou fator imunológico).

2. Esta técnica permite ainda aumentar o número de espermatozóides móveis próximos ao local da fecundação (terço distal da trompa de falópio), facilitando o encontro do óvulo com o espermatozóide o que seria de grande importância no tratamento dos homens com insuficiência espermática não muito severa.

Para aplicação deste método é imprescindível a presença de permeabilidade tubária e ausência de infecção espermática, assim como um número razoável de espermatozóides móveis no sêmen fresco. Ainda para o sucesso da técnica é indispensável uma detecção precisa do momento da ovulação e a inseminação intra-uterina deverá ser realizada momentos antes ou imediatamente após a liberação do óvulo na cavidade abdominal.

Preparação do sêmen para Inseminação Intra-uterina:

"In vivo" após o contato sexual, os espermatozóides móveis migram através de muco cervical eliminando o líquido seminal que possui efeitos inibidores no processo de fecundação e durante este trajeto o espermatozóide torna-se, naturalmente, apto a fertilizar. Por outro lado, previamente a uma inseminação intra-uterina, o sêmen deverá ser submetido a técnicas de migração e centrifugação na tentativa de concentrar os espermatozóides progressivos rápidos, tornando-os aptos a fertilizar. Numerosos métodos de tratamento para o sêmen foram propostos, tanto de migração ascendente (swim up) como descendente (método de Percoll). O importante é que após o tratamento, a fração a ser inseminada seja rica em espermatozóides móveis.

Caso particular: Ejaculação Retrógrada: Consiste na emissão de sêmen para dentro da bexiga. Neste caso os espermatozóides vão entrar em contato, durante algum tempo (o mais curto possível), com a urina, que é um meio pouco favorável a sua sobrevida. O espermatozóides deverão ser recolhidos rapidamente da urina, lavados e isolados em meio de cultura para posterior inseminação.

As chances de sucesso quando realizada a técnica de Inseminação Artificial Intra-uterina é de aproximadamente 30% e a gravidez, quando positiva, poderá ser diagnosticada aproximadamente 15 dias após a Inseminação Artificial.

Dra. Maria Cristina Santoro Biazotti - Ginecologista especialista em Reprodução Humana Assistida pela Maternité Port Royal (Paris) e Clinique Saint Antoine (Rouen) - França. Responsável pelo Sêmion - Centro de Medicina Reprodutiva do Centro Médico de Campinas

 

 
 

 
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