Lúcia
Helena Salveti De Cicco
Causas
mais comuns: A deterioração dos alimentos.
O cozimento por complexo destrói as bactérias
nocivas
"Deve
ter sido alguma coisa que eu comi." Quantas vezes você
já disse ao sentir um indisposição acompanhada
de vômitos, dores de estômago e diarréia?
De fato, os casos de uma ligeira intoxicação alimentar
se tornaram tão comuns hoje em dia que dificilmente achamos
necessário consultar um médico a respeito.
Intoxicação
alimentar é o nome que se dá aos sintomas desagradáveis
que uma pessoa experimenta depois de ingerir alimentos contaminados
por certas bactérias nocivas. Contraindo a crença
popular de que alimentos deteriorados costumam provocar intoxicação
alimentar, as bactérias que deterioram os alimentos não
são a causa mais comum desse distúrbio. Na realidade,
esse tipo de intoxicação é muito raro porque,
em geral, as pessoas não chegam a ingerir um alimento
que está notoriamente estragado. Muito pelo contrário,
a comida contaminada que realmente provoca a intoxicação
quase sempre tem aparência, cheiro e gosto normais.
Tipos
de intoxicação alimentar
Em
geral, a intoxicação alimentar é provocada
por três tipos de bactérias. Cada uma delas se
desenvolvem num determinado tipo de alimento (necessitando de
certas condições especiais para poder se multiplicar)
e produz um conjunto deferente de sintomas.
Intoxicação
por salmonela
As
bactérias do tipo salmonela são a causa mais freqüente
de intoxicação alimentar. Elas contaminam todos
os tipos de carne usados na nossa alimentação,
antes mesmo de o animal ser abatido. Depois que um animal é
contaminado pela salmonela, ele se torna portador e propagador
da bactéria, pois, como ela é eliminada junto
com as fezes, o solo e a água usados pelo animal também
ficam contaminados, afetando outros animais. Os métodos
modernos de cultivo intensivo, utilizado atualmente nas fazendas,
também facilitam a disseminação da salmonela
e, em geral, a infecção não chega a ser
descoberta porque os animais afetados quase nunca mostram sinais
de doença. Depois, quando o animal doente é enviado
ao matadouro para ser abatido , outros animais ficam expostos
aos germes, principalmente quando as normas
de higiêne são negligenciadas. Como é praticamente
impossível distinguir entre carne sadia e contaminada
pela salmonela, a carne infectada acaba sendo comercializada
da maneira habitual.
O
cozimento completo da carne contaminada, seja em casa, seja
por meio de processamento industrial do produto, destrói
totalmente as bactérias nocivas, exceto nos casos de
carne descontaminada volta a entrar em contato com outras carnes
infectadas pela salmonela. Existe perigo toda vez que a carne
não é cozida durante o tempo necessário
e a uma temperatura suficiente alta para matar a salmonela.
Isso acontece, por exemplo, com as aves congeladas antes de
serem levadas ao fogo. Se uma galinha ou um peru grandes forem
assados a uma temperatura demasiado baixa, de modo que o calor
não chegue a atingir o centro da ave, há uma grande
possibilidade de que as bactérias sobrevivam. Nesse caso,
elas continuarão a se reproduzir e contaminarão
todo o resto da carne, tornando-a inadequada para o consumo.
Por isso deve-se tomar muito cuidado com os frangos grelhados
habitualmente vendidos em rotisserias, porque são assados
a temperatura muito baixas, insuficientes para exterminar as
bactérias. A intoxicação por salmonelas
também pode ser provocada pela clara de ovo que, depois
de se tornar contaminada, passa por processo de desidratação,
ou congelamento e é utilizada, sem cozimento, para coberturas
e recheios de bolo.
Sintomas
Se
uma pessoa ingere um alimento contaminado por salmonela, 12
ou 48 horas depois ela pode Ter diarréia, embora esta
possa se limitar a apenas um ligeiro desarranjo intestinal.
A
gravidade dos sintomas varia de pessoa para pessoa, dependendo
da quantidade de toxina ingerida e da resistência natural
de cada organismo. Embora a intoxicação por salmonela
quase nunca cause enjôos e dores de estômago, a
pessoa contaminada pode Ter, além da diarréia,
um pouco de febre e dor de cabeça. Em geral, numa pessoa
com saúde normal, os sintomas desaparecem após
três ou quatro dias. No entanto, as pessoas contaminadas
continuam portadoras da doença durante vários
meses. A razão é que, embora os sintomas tenham
desaparecido, as bactérias continuam presentes no intestino
e são eliminadas com as fezes. Por esse motivo, é
muito importante lavar sempre as mãos depois de ir ao
banheiro, principalmente se a pessoa vai manipular alimentos
e utensílios usados para comer.
Tratamento:
É sempre aconselhável procurar um médico.Nos
casos menos graves, um dia de repouso e a ingestão de
uma grande quantidade de água ou de sucos, para compensar
a perda de líquidos provocada pela diarréia ou
pelos vômitos, serão o bastante para a recuperação.
Também é aconselhável evitar alimentos
sólidos durante um ou dois dias. Se os sintomas persistirem,
é aconselhável procurar um médico.
Cuidados
especiais
Se
os sintomas forem muito acentuados ou levarem mais de três
dias para desaparecer, o paciente deve consultar um médico
sem demora. No caso de bebês, crianças ou pessoas
idosas afetados pela doença, também é preciso
consultar um médico imediatamente após o aparecimento
dos primeiros sintomas. Nesses casos, a perda de líquidos,
em conseqüência da diarréia ou dos vômitos,
pode levar uma rápida desidratação e consequentemente
se transformar num problema sério.
Os
antibióticos raramente são receitados para pacientes
com intoxicação alimentar porque, em geral, eles
atuam apenas sobre a corrente sangüínea, e as salmonelas
estão presentes no intestino. Além disso, os antibióticos
podem até mesmo impedir que o mecanismo natural de defesa
do organismo combata a infecção.
Intoxicação
alimentar por clostrídios
A
bactéria responsável por esse tipo de intoxicação
alimentar, o Clostridium prefringes, se torna ativa - e causa
problemas durante o cozimento dos alimentos. Os pratos
à base de carne, como os ensopados e as tortas, por exemplo,
são particularmente suscetíveis ao ataque desses
germes. Essas bactérias, que estão presentes no
ar, na poeira e no chão, disseminadas pelas moscas, são
indestrutíveis e sobrevivem à fervura durante
horas seguidas. Em temperatura abaixo de 20ºC, ou acima
de 60ºC, elas se mantém inativas. Porém,
entre esses dois limites, elas se multiplicam rapidamente, contaminando
o alimento é mantido aquecido durante várias horas
após o cozimento, quando, quando ele é esfriado
lentamente e em seguida não obtém uma refrigeração
adequada ou quando ele é requentado durante vários
dias seguidos.
Sintomas
Os
sintomas desse tipo de intoxicação surgem em geral
entre 12 e 24 horas após a ingestão do alimento
contaminado. Na maioria dos casos, o paciente tem fortes e persistentes
does abdominais seguidas de diarréia,. Entretanto, a
temperatura permanece normal e é rara a ocorrência
de vômitos. Embora a pessoa se sinta bastante indisposta
durante todo o tempo em que os sintomas persistirem, eles desaparecem
depois de um ou dois dias. Se os sintomas continuarem presentes
por mais tempo, é possível que o problema tenha
uma causa completamente diferente.
Tratamento: É sempre aconselhável procurar um médico. Este tipo de intoxicação alimentar deve receber
o mesmo tratamento dado à intoxicação por
salmonela. O paciente necessita de um dia de repouso e deve
ingerir uma grande quantidade de líquidos. Caso a diarréia
persista, ele deverá seguir tratamento médico.
De qualquer maneira, sempre é aconselhável procurar
um médico se os sintomas forem muito acentuados e persistentes
ou se o paciente for uma criança ou uma pessoa idosa.
Intoxicação
alimentar por estafilococos
O
Staphylococus aureus, um microorganismo que causa uma outra
forma muito comum de intoxicação alimentar , geralmente
está presente na superfície da pele, principalmente
em torno do nariz, e também em certas infecções
cutâneas, tais como cortes sépticos, espinhas e
furúnculos. Um corte infeccionado na mão ou no
braço de uma dona de casa que prepara uma refeição
para sua família, por exemplo, pode contaminar os alimentos
se eles não forem cozidos a um temperatura de 60ºC
ou mais durante no mínimo meia hora. Se os alimentos
contaminados por esta bactéria forem ingeridos crus ou
parcialmente cozidos, eles podem provocar uma intoxicação
alimentar que, na verdade, não é causada pela
própria bactéria, mas sim pela toxina que ela
produz.
Os
alimentos comumente relacionados com esse tipo de intoxicação
são presunto, língua, carnes defumadas (os conservantes
usados nesses alimentos, infelizmente não eliminam as
bactérias), pasta de carne, maionese, sorvetes, confeitos
e doces industrializados.
Sintomas
Os
sintomas surgem de uma a quatro horas após a ingestão
do alimento contaminado e costumam ser bastante acentuados.
Logo no início, o paciente sente tonturas e náuseas.
Esses primeiros sintomas são acompanhados de vômitos
abundantes que duram entre quatro e seis horas. Algumas pessoas
também têm diarréia, sobretudo se ingerirem
uma grande quantidade de toxina. A maioria dos pacientes se
recupera em um período de 24 horas, mas as crianças
e as pessoas idosas costumam levar mais tempo para se fazer.
Tratamento: É sempre aconselhável procurar um médico. O tratamento para esse tipo de intoxicação
alimentar é exatamente o mesmo indicado para intoxicação
por salmonela e por clostrídio- repouso e uma abundante
ingestão de líquidos.
Tipos
de intoxicação pouco freqüentes
Uma
forma muito grave, embora extremamente rara, de intoxicação
alimentar é o botulismo , doença causada por uma
bactéria do gênero Clostridium. Em vez de atacar
o intestino, como os outros tipos de intoxicação
alimentar, o botudismo ataca o sistema nervoso e requer um tratamento
totalmente diferente. O paciente com butolismo precisa ser internado
num hospital, onde é submetido a um tratamento intensivo.
Plantas
venenosas
Algumas
plantas venenosas, quando ingeridas, causam intoxicação
agudas, que chegam a ser fatais se não forem tratadas
prontamente:
· Comigo - ninguém pode
As folhas dessa planta provocam fortes queimaduras que atingem
o esôfago, causando a morte devido ao traumatismo que
se segue à intoxicação. A vítima
sente dor e ardor intensos nos lábios, no nariz e na
garganta; sua boca e laringe incham e as gengivas sangram.
· Mandioca -brava
Provoca palidez, arroxamento da pele, dilatação
das pupilas e aparecimento de espuma sanguinolenta nos cantos
da boca.
· Mamona
Cerca de uma hora após a ingestão, a vítima
é acometida por náuseas, vômitos e diarréia.
Também aparecem reações como prostração,
sonolência e convulsões.
Para todos os casos, a melhor solução é
fazer a vítima vomitar, misturando-lhe água
morna, óleo vegetal , etc,. e procurar assistência
médica imediatamente.
Como
evitar a intoxicação alimentar
Muitas
pessoas chegam a achar exagerados alguns dos cuidados que relacionamos
abaixo. Mas, considerando os perigos que sua não observância
acarreta, eles até que valem a pena. Mas ainda: são
precauções muito fáceis de tomar e exigem
muito pouco esforço.
- Lave
sempre as mãos depois de ir ao banheiro e antes de
preparar os alimentos. Se você tiver um ferimento nas
mãos ou nos braços, proteja - o com esparadrapo
e use luvas de borracha.
- Lave
bem frutas e verduras em água corrente, sobretudo se
você pretende ingeri-los crus.
- Certifique
- se de que os alimentos estão sendo cozidos da maneira
certa. Em caso de dúvidas sobre a temperatura da água
ou o tempo de cozimento corretos, consulte um bom livro de
culinária.
- Degele
completamente a carne de aves antes de levá- la ao
fogo. As carnes de vaca, carneiro e peixe podem ser cozidas
logo depois de serem tiradas do congelador.
- Se
você fez um ensopado e pensa utiliza - lo em mais de
uma refeição, cozinhe rapidamente, cubra e conserve
num lugar frio, de preferência na geladeira. Esta precaução
é particularmente importante se você pretende
come-lo frio, ou deixá-lo para o dia seguinte.
- Se
quiser manter a comida quente para alguém que chegará
depois, mantenha - a aquecida a uma temperatura superior a
60ºC.
- Quando
você for requentar a comida, faça-o de maneira
que ela seja totalmente reaquecida e requente apenas a quantidade
que você irá comer realmente.
- Não
deixe a carne crua entrar en contato com a que está
cozida ou assada. Evite comprar em estabelecimento onde carnes
cruas e cozidas ficam juntas.
-
Lúcia
Helena Salvetti De Cicco
-
Diretora de Conteúdo e Editora
Chefe
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