Dr.
Paulo Cesar Madi
O
centenário de descobrimento da Entamoeba histolytica
transcorreu em 1975. Lösch encontrou trofozoítos
nas fezes de um pobre lenhador russo em São Petersburgo
que foi acometido de um ataque prolongado e fatal de diarréia.
Lösch considerou oportunista o organismo ainda que ele
o encontrasse nas fezes e nas úlceras intestinais no
exame post mortem.
O
relato de Lösch acentua aspectos importantes da doença.
Não é nem tropical nem exótica, mas ocorre
universalmente, particularmente se são relaxadas as condições
sanitárias e de higiene pessoal. A amebíase deve
ser considerada em todos os pacientes com diarréia, sintomas
cólicos vagos ou hepatomegalia inexplicada.
Sete
diferentes espécies de ameba habitam a boca e os intestinos
do homem, mas apenas a E. histolytica foi conclusivamente demonstrada
como causadora de enfermidade.
A
E. histolytica é um protozoário relativamente
simples, existe em duas formas, um cisto e um trofozoíto
móvel.
O trofozoíto, a forma parasitária, vive na parede
e na luz do colo. Reproduz-se por divisão binária
e requer outras bactérias ou tecidos para sobreviver.
Cresce melhor, mas não exclusivamente, sob condições
anaeróbicas. Existe em uma forma pequena (10 a 20 micra)
e uma grande (20 a 60 micra).
As formas pequenas, "minuta" (diminutas), encontram-se
nas fezes não disentéricas. As formas grandes
encontram-se na doença invasiva.
Os
trofozoítos morrem fora do corpo e, caso ingeridos, o
ácido gástrico os destrói. Não transmitem
a doença; os cistos espalham a infecção.
Os cistos sobrevivem ao secamento, à refrigeração
e sob acidez. São mortos por temperatura acima de 55ºC
e pela hipercloração da água.
As
infecções com E. histolytica são cosmopolitas,
sua prevalência diminui com a urbanização
e o melhor saneamento. Os portadores assintomáticos de
cistos espalham novas infecções, a epidemia ocorre
a partir da contaminação fecal, geralmente de
um suprimento de água. Os homens têm mais a doença
amebiana do que as mulheres por razões inexplicáveis.
As
paredes dos cistos ingeridos desintegram-se na luz do intestino
delgado e liberam os trofozoítos. A maior parte dos pacientes
com amebas não tem sintomas. O organismo vive tranqüilamente
na luz do intestino e espalha-se como cistos nas fezes, não
ocorreu a invasãotecidual.
A
amebíase pode causar:
- portador
assintomático
- disenteria
não complicada
- disenteria
complicada ( perfuração, peritonite, hemorragia)
- doença
cólica não disentérica (ulceração
cólica proximal, ameboma,estenose em qualquer local,
intussuscepção)
- abscesso
hepático simples
- abscesso
hepático complicado (múltiplo, extensão
à pleura, pericárdio, peritônio)
- Infecções
menos freqüentes em outros locais (pele, genitália,
pulmão, cérebro)
O
diagnóstico é feito através de exames de
fezes, biópsiase testes sorológicos.
O tratamento é medicamentoso.
Dr.
Paulo Cesar Madi
Clínica Médica e Saúde Pública
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