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O fator masculino como causa de infertilidade

 

Dra. Maria Cristina S. Biazotti
 
 

Tradicionalmente o diagnóstico de infertilidade masculina é baseado na avaliação descritiva do ejaculado humano, com ênfase na concentração, motilidade e morfologia espermática. Distúrbios na função espermática não é somente a mais prevalente causa de infertilidade conjugal, como também é de difícil tratamento. Parte desta dificuldade é devida aos desconhecidos fatores que contribuem para a infertilidade masculina. Condições ambientais têm sido implicadas levando a um declínio da contagem espermática (Carlsen et al, 1992) assim como fatores genéticos têm sido diagnosticados. Nos casos de oligospermia severa (poucos espermatozóides) ou azoospermia (ausência de espermatozóides) não obstrutiva, existe o risco de microdeleções no cromossomo Y ou anomalias no cromossomo sexual (XXY) (Mak et al, 1993; Vogt et al, 1992). Fatores genéticos podem ainda estar envolvidos em casos de azoospermia obstrutiva, como a associação entre agenesia congênita (ausência) do ducto deferente e mutações no gene da fibrose cística (Patrizio et al, 1993).

A leucospermia (concentração de leucócitos no sêmen > 1 milhão/ml), é uma das poucas condições que pode ser amenizada com o tratamento clínico. Um maior número de leucócitos no sêmen é um dos critérios pelo qual pode-se diagnosticar uma infecção do trato genital masculino. A incidência desta condição é certamente mais alta em amostras de sêmen contendo bactérias patogênicas ou mesmo não patogênicas e em casos de infecção prostática. Vários autores têm observado uma associação entre leucospermia e mudanças significantes nos parâmetros espermáticos: redução do número de espermatozóides e diminuição da porcentagem de espermatozóides progressivos rápidos e normais.

 
 
 
Leucócito + espermatozóides anormais
Nos casos de fator masculino severo, a técnica de injeção intracitoplasmática (ICSI) oferece considerável promessa para pacientes até então sem tratamento (Palermo et al, 1992), e vem sendo utilizada com bastante sucesso.
 
 
 
Injeção de um espermatozóide para o interior de um óvulo (ICSI)
 
 
Esta técnica poderá levar a uma transmissão inadequada de defeitos genéticos que perpetuarão a infertilidade ou propiciarão outras patologias genéticas. Para minimizar o risco é necessário identificar as condições que afetam a fertilidade masculina, onde fatores genéticos não estejam envolvidos.
 
 
Especialista em Reprodução Humana com formação na Clinique Saint-Antoine, Rouen, França e Maternité Port-Royal, Paris, França
Mestra em Tocoginecologia Pela Unicamp

 

 
 

 
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