Mário
Rosas Filho-Cap Med
Infectologista
do Hospital Geral de Manaus
Amazônia
- Exército Brasileiro
É
uma doença infecciosa aguda , causada por um vírus
RNA, arbovírus do grupo B, ou seja vírus transmitidos
por artrópodes (Arthropod Borne Viruses) do gênero
Flavivírus, família Togaviridae, podendo apresentar
ciclo urbano ou silvestre, com transmissão através
de vetores alados. É basicamente uma antropozoonose,
isto é, uma doença de animais silvestres,
acometendo o homem acidentalmente, principalmente quando
participa de atividades militares em área de selva,
extrativismo vegetal, caça ou desmatamento. Ocorre
no norte do Brasil, abrangendo toda a Amazônia, acometendo
cerca de quinhentas pessoas/ano.
Diferencia-se
em dois padrões epidemiológicos: o urbano
e o silvestre. O primeiro deve-se a ação de
um mosquito de hábitos urbanos, o Aedes aegypti,
que transmite a doença de pessoas doentes à
uma população sensível, e que apesar
de não ocorrerem casos há mais de cinquenta
anos, volta a causar temor pela possibilidade de sua reemergência,
devido intensa proliferação do Aedes aegypti
nos grandes centros urbanos do Brasil no momento atual.
O ciclo silvestre, por sua vez, é mantido pelas fêmeas
de mosquitos antropofílicos (especialmente do gênero
Haemagogos), as quais necessitam de sangue para amadurecer
seus ovos; têm atividade diurna na copa das árvores,
ocorrendo a infecção acidental do homem ao
invadir o ecossistema viral.
Após
um período de incubação médio
de três a seis dias surgem os primeiros sintomas:
febre alta, cefaléia, congestão conjuntival,
dores musculares e calafrios. Algumas horas depois podem
ocorrer manifestações digestivas, tais como,
náuseas, vômitos e diarréia, correspondendo
à fase em que o vírus está circulando
no sangue (Período de Infecção), evoluindo
em dois a três dias à cura espontânea
(Período de Remissão). Formas graves da Febre
Amarela, podem surgir um ou dois dias, após a cura
aparente, observando-se aumento da febre e dos vômitos,
prostração e icterícia (Período
de Intoxicação).Em seguida surgem outros sintomas
de gravidade da doença, tais como, hematêmese
(vômito negro), melena (fezes enegrecidas), petéquias
(pontos vermelhos) e equimoses (manchas roxas) em várias
regiões da superficie corporal, desidratação,
agitação, delírio, parada renal, torpor,
coma e morte (em cerca de 50% dos casos).
O
diagnóstico é essencialmente clínico,
sendo que nas formas graves, somente é obtido post-mortem,
através de provas laboratoriais para isolamento do
vírus e exame anátomo-patológico.
Não
existe tratamento específico para o vírus
da Febre Amarela. O tratamento consiste no uso de medicação
sintomática, evitando-se os salicilatos (Ácido
Acetil Salicílico e derivados), em função
do risco de hemorragias, utilizando-se preferencialmente
o Paracetamol. Pacientes com formas graves da doença
necessitam de cuidados de Terapia Intensiva.
Na
prevenção da Febre Amarela fundamental é
a aplicação da vacina Anti-Amarílica,
na dose de 0,5 ml por via subcutânea, com aplicação
de reforço a cada dez anos. Não se recomenda
a aplicação em gestantes e portadores de imunodeficiência
(inclusive pelo Vírus da Imunodeficiência Humana).
Deve-se ter especial cuidado na conservação
(manter sob refrigeração) e utilizar no máximo
por duas horas após abrir o frasco, pois a partir
daí há uma perda de 50% do poder imunogênico
da vacina.
Centro
de Vigilância Epidemiológica do Estado de
São Paulo
Saiba
mais sobre o assunto lendo o artigo do Dr. Carmello Liberato Thadei,
publicado na Saúde Animal. Clique aqui
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