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Patricia
Fabiane
Todos sabemos que no universo infantil é comum nos depararmos
com situações várias de dificuldades por
parte da criança de se adaptar ao ambiente social. Entre
estas dificuldades estão: desatenção ou
atenção curta, distração, distração
fácil com sons, dificuldade de compreender em local ruidoso,
incômodo aos sons altos ou a ruídos de fundo; pedem
repetição de informação; problemas
para lembrar de coisas que aprenderam auditivamente; problemas
de fala; ouvem mais não entendem, só ouvem quando
querem; baixo rendimento escolar; dificuldade de compreender
palavras de duplo sentido; problemas de linguagem expressiva,
dificuldade de compreender o que lê, disgrafia ou também
inversão de letras, desajuste social (agitado ou muito
quieto chegando ao isolamento). Auditivamente, apresenta resposta
inconsistentes ao som (dificuldades de responder corretamente
ao exames audiométrico), alteração na localização
da fonte sonora, inabilidade de focar, discriminar, reconhecer
ou compreender informações auditivas.
Muitas
vezes a criança apresenta tais dificuldades, não
por "burrice" ou "falta de interesse para com
as coisas ou pessoas", mas sim por apresentar um distúrbio
chamado de alteração do processamento auditivo
central.
Os
processamentos auditivos centrais, são processos que
necessitam de um bom funcionamento das estruturas do sistema
nervoso central. Um simples distúrbio leva a criança
a não conseguir interpretar o som, já que essa
interpretação depende das habilidades auditivas
organizadas e estruturadas. Estas etapas são: detecção
do som, discriminação do som, reconhecimento,
localização da fonte sonora e compreensão
do som. Todos ligados às funções cerebrais,
como: atenção e memória.
A
avaliação audiológica convencional (audiometria
tonal, vocal, inteligibilidade e imitanciometria) avalia em
termos de capacidade auditiva a detecção e transmissão
do som. Já a avaliação do processamento
auditivo central, analisa eventos acústicos quanto a
localização sonora, figura-fundo, memória
seqüencial, processamento temporal, fechamento... que são
processos realizados mais profundamente, "no caminho do
som até o córtex auditivo".
A
privação sensorial (falta de experiência
acústica no meio ambiente) pode gerar uma imaturação
das estruturas do sistema nervoso central, alterações
neurológicas (doenças neurodegenerativas, alterações
causadas por anoxia), problemas congênitos (infecções
congênitas: rubéola, sífilis, citomegalovírus,
herpes e toxoplasmose), peso de nascimento inferior a 1.500g,
alcoolismo materno ou uso de drogas psicotrópicas na
gestação, permanência em incubadora, perda
auditiva condutiva (a freqüência da otite leva a
uma falta de consistência de estimulação,
leva a distorção da mensagem e prejuízo
do desenvolvimento da audição, da fala e da linguagem)
e perda auditiva neurossensorial nos primeiros anos de vida.
São fatores de risco para gerar uma alteração
do processamento auditivo central.
A avaliação do processamento auditivo central
geralmente vai orientar a terapia fonoaudiológica e ao
neurologista quanto a área (habilidade auditiva) alterada,
para que seja realizado o mais breve possível a melhor
conduta clínica.
As indicações para avaliar o processamento auditivo
central, são:
1)
limiares tonais normais
2) Queixa de dificuldade de compreensão
3) Suspeita de disfunção do processamento auditivo
central
Em pacientes adultos:
1) Paciente que se queixa de problemas auditivos, mas os resultados
da bateria audiométrica básica são normais.
2) pacientes com 65 anos ou mais e queixa de dificuldade para
ouvir na presença de ruídos de fundo, sendo
sua audição razoavelmente boa para freqüências
altas. 3) História de disfunção ou doença
neurológica.
4) AVC hemorrágico ou isquêmico.
5) Traumatismo craniano.
6) meningite.
7) hidrocefalia.
8) Doença de Alzheime
9) Alcoolismo crônico.
10) Doenças desmielinizantes.
Nas
crianças normais as habilidades envolvidas no processamento
auditivo central desenvolvem-se em paralelo ou em relações
recíprocas com habilidades de linguagem (Keith,1988).
Alterações
leves e moderadas do processamento auditivo central podem ser
compensadas desde que haja boa interação entre
pais e crianças e condições de escuta favoráveis
no ambiente físico em que a criança está
inserida no momento do seu aprendizado e desenvolvimento da
linguagem. As alterações também podem ser
tratadas terapeuticamente através de exercícios
fonoaudiológicos.
As
alterações estão relacionados com as estruturas
do processamento responsável pela atividade central.
Estas estruturas são: tronco encefálico, vias
sub-corticais, córtex auditivo, lobo temporal e corpo
caloso.
A
integração das informações sensoriais
auditivas com outras não auditivas é o occipital,
parietal e frontal.
Mais
especificamente, o complexo olivar superior e o córtex
auditivo são estruturas do sistema nervoso central responsáveis
pela localização sonora. A responsável
pela atenção ao som é o colículo
inferior e pela memória para sons em seqüência
e discriminação de padrões temporais é
o córtex.
A orientação que pode-se dar aos pais e professores
de crianças com DPAC é para que usem estratégias
verbais como repetição, fazerem uso de palavra-chave,
usar pausas entre outras.
As
sugestões para terapia fonoaudiológica para uma
DPAC é consciência fonológica com apoio
da leitura, análise e síntese fonêmica,
compreensão de linguagem e memória seqüencial
para sons verbais e não verbais.
No
momento é possível apenas realizar uma triagem
do processamento auditivo central dando o resultado de que será
necessário uma testagem do processamento ou um resultado
de acertos em todos os testes da triagem. Para a realizarão
da avaliação (testagem) se faz necessário
equipamentos apropriados.
Fga
Patricia Fabiane
Fonoaudióloga especializada em psicomotricidade e audiologia
clínica - CRFa. 7209 - RJ
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