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Saiba mais sobre a Diabetes

Dra. Jane Feldman



Saber como descobrir qual é o problema quando uma pessoa portadora de diabetes sente-se mal e como saná-lo, talvez seja o sonho de muitos diabéticos. No entanto, a complexidade dessa máquina fantástica que é o nosso corpo e o pequeno conhecimento técnico sobre seu funcionamento, que a maioria das pessoas tem, dificulta bastante a sua realização. O que pensar então quando se trata da manipulação de alimentos, exercícios físicos e medicamentos.

Na era da globalização, o diabético necessita receber informações científicas seguras, objetivas e atualizadas sobre sua doença, para que possa fazer frente às dificuldades inerentes ao diabetes.

De acordo com dados do próprio Ministério da Saúde, aproximadamente 7,6% da população brasileira entre 35 e 69 anos de idade devem ser portadores de diabetes. Isso eqüivale a cerca de 11 milhões de pessoas, sendo que a boa parte dessas pessoas ignora sua condição e portanto não recebe qualquer tipo de cuidado.

Embora se associe o diabetes ao idoso e ao obeso, ele é a principal causa de doenças crônicas na infância. O diabetes é uma síndrome caracterizada pela presença de níveis elevados de glicose no sangue. A maior parte dos alimentos ingeridos sofre a ação de diversos sucos digestivos, que os quebram em moléculas mais simples, geralmente açúcares. A glicose é um açúcar proveniente da dieta. Uma vez ingerido, é absorvido pelo intestino, passando à circulação sangüínea, onde fica disponível para as células. Toda vez que um indivíduo ingere hidratos de carbono, dos quais a glicose é um dos mais importantes, a glicemia (glicose sanguínea) sobe . As células b das ilhotas de Langerhans, localizadas no pâncreas, que é uma grande glândula localizada atrás do estômago, ao detectarem pequenos aumentos de glicemia, secretam insulina, que faz com que essa glicose seja utilizada pelas células. A glicose é o principal combustível utilizado pelas células para produzir energia e crescimento. Quando a quantidade de insulina não é adequada, a maior parte das células não consegue utilizar a glicose, que permanece no sangue, atingindo níveis excessivamente altos e extremamente prejudiciais à saúde.

Essa glicose que não foi utilizada e ficou no sangue, é eliminada em parte pela urina, carregando consigo grande quantidade de água. Isso faz com que a pessoa urine muito (poliúria), perdendo água. Essa perda de água provoca a sensação de boca seca e muita sede (polidípsia). Se o indivíduo não conseguir compensar a perda de água ingerindo mais água, pode ficar desidratado. A insulina permite que o corpo armazene glicose sob a forma de gorduras e proteínas, principalmente proteínas musculares. Importantes enzimas participam deste processo e são dependentes da insulina. Na deficiência severa de ação de insulina, ocorre a quebra de gordura e proteínas armazenadas, levando à sensação de fraqueza e muita fome (polifagia), além de perda de peso. A quebra de gorduras pode levar a uma produção excessiva de ácidos e cetonas que, em quantidades excessivas, levam a uma situação clínica bastante grave, chamada de ceto-acidose diabética, que requer imediata atenção médica. Esse quadro manifesta-se através de uma mudança no padrão respiratório: a respiração torna-se rápida e profunda e o hálito tem um cheiro de acetona. Essas são, portanto, as principais manifestações clínicas do diabetes.

Valores normais de glicemia (níveis de glicose no sangue) são aqueles que oscilam entre 80 e 110 mg/dl. Quando os níveis de glicemia ultrapassam os 180 mg/dl, aparece glicose na urina (glicosúria).

Existem indivíduos, principalmente obesos, que têm quantidades normais de insulina, às vezes até maiores do que a de indivíduos não diabéticos, só que essa insulina não funciona adequadamente. Essa situação é conhecida como resistência periférica à ação da insulina.

A prevalência de diabetes vem aumentando progressivamente na população em geral, mais significativamente nas faixas etárias acima dos 60 anos. Dentre as possíveis causas desse aumento são citadas o aumento da urbanização e industrialização, sedentarismo, incidência de obesidade, expectativa de vida e maior sobrevida da própria população de diabéticos.

A etiologia do diabetes é complexa, entrando em jogo fatores genéticos e ambientais, como viroses e os citados acima.

De uma maneira simplista, podemos dividir o diabetes em tipo I ou insulino-dependente e tipo II ou insulino-independente. O diabetes tipo I ocorre geralmente em indivíduos jovens e magros e tem um início tempestuoso. Antigamente era conhecida como diabetes juvenil. Nessa forma, ocorre uma destruição das células b do pâncreas, destruição essa ainda não muito bem compreendida e que acarreta a insuficiência total da secreção de insulina. Em sua etiopatogenia participam, com certeza, fatores genéticos, imunológicos (auto anticorpos anti-insulina, anti-ilhotas e anti GAD) e ambientais. Modernas técnicas genéticas vêm sendo desenvolvidas com o intuito de identificar parentes de diabéticos tipo I predispostos à doença e com isso tentar minimizar seu risco.

Já o diabetes tipo II, muito mais freqüente, tem um início insidioso, ocorrendo em pessoas mais idosas e em geral obesas. Muitas vezes o indivíduo é portador de diabetes durante anos sem percebê-lo. Esses indivíduos produzem insulina, podendo ter uma diminuída reserva da mesma ou, como ocorre em obesos, existe uma resistência à ação periférica da insulina.

Além dessas duas formas mais comuns de diabetes, existe ainda o diabetes gestacional e o diabetes associado a outras patologias, como algumas síndromes ou o uso de altas doses de glicocorticóides.

O diabetes gestacional surge durante a gestação e freqüentemente desaparece ao término da mesma. As mulheres que tiveram diabetes gestacional tem grande risco de desenvolver diabetes no futuro. Muitas dessas pacientes conseguem manter-se compensadas apenas com dieta e exercícios. No entanto, algumas podem requerer o uso de insulina. O uso de hipoglicemiantes orais é contra-indicado durante a gestação, devido aos riscos para o feto.

Mais raramente, o diabetes pode ser manifestação de outras patologias, como por exemplo a doença de Cushing e a acromegalia.

Dra. Jane feldman
Endocrinologista - São Paulo/SP

 

 
 

 
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