Maria
do Rosário Silva Souza
O brinquedo é oportunidade de desenvolvimento. Brincando,
a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere
habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança
e a autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do
pensamento e da concentração e atenção.
Brincar
é indispensável à saúde física,
emocional e intelectual da criança. Irá contribuir,
no futuro, para a eficiência e o equilíbrio do
adulto.
Brincar
é um momento de auto - expressão e auto - realização.
As atividades livres com blocos e peças de encaixe, as
dramatizações, a música e as construções
desenvolvem a criatividade, pois exige que a fantasia entra
em jogo. Já o brinquedo organizado, que tem uma proposta
e requer desempenho, como os jogos (quebra-cabeça, dominó
e outros) constitui um desafio que promove a motivação
e facilita escolhas e decisões à criança.
O
brinquedo traduz o real para a realidade infantil. Suaviza o
impacto provocado pelo tamanho e pela força dos adultos,
diminuindo o sentimento de impotência da criança.
Brincando, sua inteligência e sua sensibilidade estão
sendo desenvolvidas. A qualidade de oportunidades que estão
sendo oferecidas à criança através de brincadeiras
e brinquedos garantem que suas potencialidades e sua afetividade
se harmonizem. A ludicidade, tão importante para a saúde
mental do ser humano é um espaço que merece atenção
dos pais e educadores, pois é o espaço para expressão
mais genuína do ser, é o espaço e o direito
de toda criança para o exercício da relação
afetiva com o mundo, com as pessoas e com os objetos.
Um
bichinho de pelúcia pode ser um bom companheiro. Uma
bola é um convite ao exercício motor, um quebra
- cabeças desafia a inteligência e um colar faz
a menina sentir-se bonita e importante como a mamãe.
Enfim, todos são como amigos, servindo de intermediários
para que a criança consiga integrar-se melhor.
As
situações problemas contidas na manipulação
dos jogos e brincadeiras fazem a criança crescer através
da procura de soluções e de alternativas. O desempenho
psicomotor da criança enquanto brinca alcança
níveis que só mesmo a motivação
intrínseca consegue. Ao mesmo tempo favorece a concentração,
a atenção, o engajamento e a imaginação.
Como conseqüência a criança fica mais calma,
relaxada e aprende a pensar, estimulando sua inteligência.
Para
que o brinquedo seja significativo para a criança é
preciso que tenha pontos de contato com a sua realidade. Através
da observação do desempenho das crianças
com seus brinquedos podemos avaliar o nível de seu desenvolvimento
motor e cognitivo. No lúdico, manifestam-se suas potencialidades
e ao observá-las poderemos enriquecer sua aprendizagem,
fornecendo através dos brinquedos os nutrientes ao seu
desenvolvimento.
A
relação criança X brinquedo X adulto
A
criança trata os brinquedos conforme os receberam. Ela
sente quando está recebendo por razões subjetivas
do adulto, que muitas vezes, compra o brinquedo que gostaria
de ter tido, ou que lhe dá status, ou ainda para comprar
afeto e outras vezes para servir como recurso para livrar-se
da criança por um bom espaço de tempo. É
indispensável que a criança sinta-se atraída
pelo brinquedo e cabe-nos mostrar a ela as possibilidades de
exploração que ele oferece, permitindo tempo para
observar e motivar-se.
A
criança deve explorar livremente o brinquedo, mesmo que
a exploração não seja a que esperávamos.
Não nos cabe interromper o pensamento da criança
ou atrapalhar a simbolização que está fazendo.
Devemos nos limitar a sugerir, a estimular, a explicar, sem
impor nossa forma de agir, para que a criança aprenda
descobrindo e compreendendo, e não por simples imitação.
A participação do adulto é para ouvir,
motivá-la a falar, pensar e inventar.
Brincando,
a criança desenvolve seu senso de companheirismo. Jogando
com amigos, aprende a conviver, ganhando ou perdendo, procurando
aprender regras e conseguir uma participação satisfatória.
No
jogo, ela aprende a aceitar regras, esperar sua vez, aceitar
o resultado, lidar com frustrações e elevar o
nível de motivação.
Nas
dramatizações, a criança vive personagens
diferentes, ampliando sua compreensão sobre os diferentes
papéis e relacionamentos humanos.
As
relações cognitivas e afetivas da interação
lúdica, propiciam amadurecimento emocional e vão
pouco a pouco construindo a sociabilidade infantil.
O
momento em que a criança está absorvida pelo brinquedo
é um momento mágico e precioso, em que está
sendo exercitada a capacidade de observar e manter a atenção
concentrada e que irá inferir na sua eficiência
e produtividade quando adulto.
Vamos
brincar?
Brincar
junto reforça os laços afetivos. É uma
manifestação do nosso amor à criança.
Todas as crianças gostam de brincar com os pais, com
a professora, com os avós ou com os irmãos.
A
participação do adulto na brincadeira da criança
eleva o nível de interesse, enriquece e contribui para
o esclarecimento de dúvidas durante o jogo. Ao mesmo
tempo, a criança sente-se prestigiada e desafiada, descobrindo
e vivendo experiências que tornam o brinquedo o recurso
mais estimulante e mais rico em aprendizado.
Guardar
os brinquedos com cuidado pode ser desenvolvido através
da participação da criança na arrumação
feita pelo adulto. O hábito constante e natural dos pais
e da professora ao guardar com zelo o que utilizou, faz com
que a criança adquira automaticamente o mesmo hábito,
ocorrendo inclusive satisfação tanto no guardar
como no brincar.
"
Os professores podem guiá-las proporcionando-lhes os
materiais apropriados mais o essencial é que, para
que uma criança entenda, deve construir ela mesma,
deve reinventar. Cada vez que ensinamos algo a uma criança
estamos impedindo que ela descubra por si mesma. Por outro
lado, aquilo que permitimos que descubra por si mesma, permanecerá
com ela." ( Jean Piaget)
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Maria
do Rosário Silva de Souza.
-
Psicopedagoga
- Campinas /SP