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Psoriase

Dr. Paulo Cesar Madi




Psoríase (do grego psoríasis = erupção sarnenta) já era conhecida desde os tempos mais remotos, existindo sua descrição e tratamento no Papiro de Ebers datado de 1550 a.C., foi descrita modernamente por Willan em 1801. Esta doença é uma afecção típica da espécie humana, não podendo ser reproduzida experimentalmente. Como a acne e o eczema, a psoríase é uma das dermatoses mais freqüentes e de distribuição universal, sendo possível que ela ocupe o segundo lugar, por ordem de freqüência, depois dos eczemas. Nas grandes estatísticas dermatológicas, a psoríase figura entre 5 a 7% dos casos. É uma doença muito comum, crônica e recorrente, caracterizada por placas e pápulas descamativas, bem delimitadas, de vários tamanhos e de cor prateada.

A gravidade da psoríase pode variar desde 1 ou 2 lesões praticamente assintomáticas, até doença generalizada com esfoliação e artrite debilitantes. A causa da doença é desconhecida, mas sabe-se que a descamação espessa deve-se a um aumento na velocidade de proliferação das células epidérmicas. Cerca de 2 a 4% da população branca é acometida. Entre os negros esta porcentagem é bem menor. O aparecimento da doença em geral se dá entre a 1ª e a 4ª décadas de vida, mas nenhum grupo etário está livre do risco. É comum haver história familiar de psoríase. O estado geral do paciente não é afetado, exceto pelo estígma psicológico de uma doença "feia", a menos que haja artrite grave ou esfoliação resistente ao tratamento.

A psoríase é mais freqüente no sexo feminino antes da puberdade, enquanto que no homem, a doença costuma iniciar-se mais tarde, entre os 15 e 30 anos de idade. Em apenas 2% dos pacientes, a psoríase se instala após os 60 anos de idade. O aparecimento da doença em geral é gradual. A evolução típica do quadro se dá com remissões e recidivas crônicas (às vezes com exacerbações agudas), que variam tanto na freqüência quanto na duração. Há diversos fatores relacionados com o aparecimento das erupções psoriásicas. Entre eles temos traumatismo local (fenômeno de Koebner, que se constitui no aparecimento de lesões sobre o local onde ocorreu um trauma), queimadura solar intensa, estado emocional, medicamentos tópicos, suspenção de tratamento com corticóides, pós infecção das vias aéreas superiores (principalmente em crianças).

As lesões, eritemático-escamosas ou descamativas, têm limites nítidos, tamanhos e formas diversas, podendo surgir em qualquer parte da pele, ainda que sejam mais habituais em certos locais (couro cabeludo, cotovelos, joelhos, o dorso e as nádegas). Com efeito, as lesões podem ser muito pequenas, em pontos (psoríase pontuada), de tamanho lenticular (psoríase em gotas ou psoríase lenticular), ou do tamanho de moedas (psoríase numular), porventura em forma de anéis (psoríase anular) ou em figuras serpiginosas (psoríase serpiginosa), às vezes muito extensas (psoríase geográfica). É óbvio, porém, ser possível aparecerem no mesmo doente diversas modalidades morfológicas. As lesões podem ser muito discretas em qualquer região do corpo, surgir em locais dispersos e até em toda a superfície cutânea.

Sendo habitualmente fácil o diagnóstico da psoríase, em alguns casos pode ser necessário comprová-lo. Para isso, tem importância a curetagem metódica de Brocq, que consiste em rapar a lesão psoriática com uma cureta ou simplesmente com a unha, destacando sucessivas camadas de escamas (sinal da vela). Aparecerá uma última fina camada epidérmica, a qual, arrancada, evidencia uma superfície brilhante e momentos depois hão de surgir algumas gotículas de sangue (sinal do orvalho hemorrágico ou sangramento de Auspitz). Em volta das lesões observa-se, freqüentemente, uma área pálida, decorrente de provável constricção vascular (anel ou halo de Woronoff).

Podemos distinguir três modalidades clínicas da psoríase, a psoríase vulgar, a psoríase pustulosa e a psoríase artropática. A psoríase vulgar responde por cerca de 90% dos casos que, por sua vez, apresenta as formas "pontuada", "em gotas", "numular", "geográfica", etc. A psoríase pustulosa caracteriza-se por pústulas estéreis, que acometem as palmas e as plantas ou são generalizadas, nem sempre apresentando lesões típicas da psoríase. A psoríase artropática lembra muito a artrite reumatóide e pode ser tão debilitante quanto ela, não se encontra, no entanto, o fator reumatóide no soro do paciente.

A doença evolui por surtos de intensidade variável durante toda a vida. Pode, porém, desaparecer durante um tempo mais ou menos longo, de meses ou anos, espontaneamente ou após terapêutica.

O prognóstico depende da gravidade e da extensão do acometimento inicial. Em geral, observa-se que quanto mais cedo ocorrer a doença, pior o prognóstico. As crises agudas em geral melhoram logo, mas a remissão total do quadro é rara. Nenhum dos métodos terapêuticos conhecidos até hoje garantem a cura, mas é possível controlar a doença na maioria dos casos. O tratamento deve ser sempre acompanhado por um médico.

Dr. Paulo Cesar Madi
Clínica Médica - Santo Antonio da Posse - SP

 

 
 

 
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