Maria
do Rosário Silva Souza
Os
princípios psicopedagógicos que norteiam um ambiente
estimulante e principalmente feliz para as crianças estão
interrelacionados e são interdependentes: auto-estima,
motivação, aprendizagem e disciplina.
Conforme
verificamos, o desenvolvimento da criança ocorre eficazmente
se prestarmos a devida atenção na relação
pais e filhos.
No
campo afetivo, pretendeu-se refletir em como ajudar as crianças
a criar sentimentos positivos em relação a si
mesma. Sentindo-se valiosa e segura, o êxito escolar estará
garantido.
No
campo cognitivo, recomenda-se enriquecer e ampliar o vocabulário
da criança. A ênfase no aprendizado de novas palavras
tem como objetivo possibilitar a obtenção de melhores
resultados na escola e também ajudar a criança
a ordenar o pensamento em função do mundo em que
vive e fazê-la sentir-se capaz, aceita e valiosa.
Além
da expressão oral e da ordenação do pensamento
infantil há o desenvolvimento do raciocínio lógico
- matemático, da psicomotricidade, e do aspecto sócio-emocional
contribuindo adequadamente para que esse "sujeito"
(a criança), seja ajudado na sua totalidade, onde todas
as partes do desenvolvimento são atendidas adequadamente.
Acreditando
nesta interelação, não podemos tratar isoladamente
cada parte deste processo do crescimento infantil, pois o cognitivo
depende do afetivo, que influi no psicológico, que está
relacionado ao psicomotor, ao físico, ao emocional...
Portanto é fundamental que se preocupe com todos os aspectos
do desenvolvimento infantil. Todos são igualmente importantes.
E se processam simultaneamente.
Separamos
apenas para facilitar o nosso entendimento, mas reforçamos
que o processo de desenvolvimento acontece como um todo.
Aprendizagem
A
criança aprende o tempo todo, mas não necessariamente
aquilo que os pais tentam ensinar-lhes de forma intencional.
A
relação ensino - aprendizagem nem sempre é
linear e direta : nem tudo que se ensina, se aprende, e às
vezes aprendem-se coisas que não se pretendem ensinar.
O
papel dos pais deve consistir em suscitar problemas adequados
às capacidades da criança, e não tanto
oferecer soluções para que ela memorize e repita.
Além disso, a aprendizagem por meio da ação
e da exploração é conquista, é construção
do conhecimento pela própria criança. Uma vez
adquirido por ela mesma, a apropriação deste conhecimento
é mais significativa e nela permanecem.
E
nada mais enriquecedor do que propor atividades criativas e
desafiadoras que podem acontecer no quintal, na sala, no shopping,
no carro, na rua.
A
aprendizagem lúdica através de jogos, brincadeiras,
músicas, e dramatizações é significativa
e altamente motivadora, devendo acontecer em casa e na escola,
em especial na sala de aula, onde aprender vira "ofício
do brincar" e a vida escolar um enorme prazer.
Que
princípios de aprendizagem deveriam ser levados em
conta para estimular o pensamento da criança ?
Aprendemos
algumas ações, medos ou sentimentos por associação,
isto é, pela coincidência de vários estímulos
que nos levam a estabelecer nexos entre eles. Ou ainda, por
meio das conseqüências de nossa conduta, sejam efeitos
negativos ou positivos das mesmas. Foi Thorndike (1911) quem
formulou a Lei do Efeito, referente à afirmação
anterior e foi Skimner (1953) quem contribuiu para o desenvolvimento
desta idéia: um comportamento tende a repetir-se quando
provoca a aparição de algo agradável para
a pessoa (reforço positivo) ou a eliminação
de algo desagradável (reforço negativo).
Mas,
não estarão as crianças de hoje mais
do que recompensadas?
Uma
saturação de reforços não ajuda
a criança descriminar o fez bem do que fez mal. É
preciso saber dosar. A apresentação constante
de reforços de grande valor traz consigo a perda de valor
desses reforços.
Os
reforços podem ser usados, desde que bem utilizados.
Seja
o reforço social (elogios, atenção), simbólico
(dinheiro, notas no boletim), material (presentes) ou de atividade
(um jogo, um passeio, uma diversão), é importante
que os pais utilizem com muito zelo e bom - senso.
Montar
um quebra - cabeça pode ser gratificante para uma criança,
mas pode significar um castigo para outra; o que revela o caráter
subjetivo do reforço.
É
necessário identificar que atividades são relevantes
para modificar o comportamento da criança e despertar
o seu interesse. Com isso, elimina-se um possível mercantilismo
nas condutas de pais e filhos ("eu faço isso se
em troca me deres aquilo").
Aprende-se
também por meio da observação, por modelos
e ações dos outros, o que nos faz salientar o
valor do exemplo. Isto também nos permite influir sobre
a conduta da criança indiretamente, por meio de elogios
ou críticas que fazem ao comportamento de outras pessoas.
Para Vygotski (1979), a criança aprende e se desenvolve
com aquilo que faz sozinha, de forma independente e àquilo
que ela faz com a colaboração de outras pessoas,
especialmente imitando os adultos.
A
aprendizagem por observação explica também
certas tendências agressivas das crianças, os impulsos
consumistas induzidos pela publicidade e determinadas condutas
consideradas anti-sociais, entre outras manifestações
de comportamento.
Na
aprendizagem e no desenvolvimento infantil,a atividade que surge
por iniciativa da própria criança desempenha papel
predominante.
É
por meio da EXPERIÊNCIA, da OBSERVAÇÃO e
da EXPLORAÇÃO de seu ambiente , que a criança
constrói seu conhecimento, modifica situações,
reestrutura seus esquemas de pensamento, interpreta e busca
soluções para fatos novos o que favorece e muito,
o desenvolvimento intelectual da criança, principalmente,
na fase pré - escolar.
Esta
relação entre a vida escolar e o cotidiano é
o que constitui a vida da criança e no mundo atual necessita
de humanização. Por isso, procuramos resgatar
na criança de hoje, os sentimentos da solidariedade,
da cooperação, do compartilhar, do prazer de dividir
e de dar. É na interação com seu dia-a-dia
que a criança desenvolverá seus valores, sua crítica,
sua postura de vida, além da aquisição
do conhecimento. Ao longo do processo de desenvolvimento a criança
vai conhecendo suas habilidades e talentos, colocando-os em
prática e identificando o seu valor.
Portanto,
ajude a criança a se divertir e aprender, partilhando
suas descobertas. Estimule-a a pensar criativamente. Transforme
a agitação cotidiana em lições proveitosas
para ela.
-
Maria
do Rosário S. de Souza
-
Psicopedagoga
- Campinas /SP
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