Dr.
Jorge Wilson Magalhães de Souza
Introdução
A
Tuberculose é uma doença crônica, infecto-contagiosa,
produzida pelo Mycobacterium tuberculosis e que se caracteriza
anátomo-patológicamente pela presença de
granulomas e de necrose caseosa central, ainda representando
um grande problema em Saúde Pública. Pode atingir
todos os grupos etários, embora cerca de 85% dos casos
ocorram em adultos e 90% em sua forma pulmonar. De cada 100
pessoas que se infectam com o bacilo, cerca de 10 a 20% adoecerão.
Dados recentes do Ministério da Saúde indicam
um aumento de sua incidência em todo o território
nacional.
Transmissão
O
contágio ocorre por via inalatória, a partir de
aerossóis durante o ato da tosse, fala e espirro de pessoas
eliminadoras de bacilos (bacilo de Koch). Os pacientes não
bacilíferos e os que apresentam a forma extrapulmonar
não oferecem risco significativo de contaminação.
Os aerossóis ficam em suspensão no ar como gotículas
microscópicas (chamadas de gotículas de Pflugge)
que ao serem aspiradas por uma pessoa sã, ultrapassam
os mecanismos de defesa da árvore respiratória
vindo a se depositar nos alvéolos pulmonares onde então
iniciarão o processo patológico da doença.
Fato de importância é que um paciente após
2 semanas detratamento correto faz com que os bacilos percam
em infecciosidade e, praticamente, não há mais
risco de infecção. Outras vias de transmissão
são também possíveis como a digestiva,
cutânea e outras, mas são raras e não possuem
importância epidemiológica.
O
bacilo
A
tuberculose humana é quase exclusivamente causada pelo
Mycobacteriumtuberculosis. Essa micobactéria se caracteriza
por ser álcool-ácido-resistente(BAAR) em colorações
feitas no exame de escarro ou outros líquidos, possuindo
taxa de crescimento lento, levando em média seu cultivo
em laboratório, cerca de 6 semanas (cultura). Tem a capacidade
de permanecer em estado de latência fisiológica
durante longo tempo, assumindo o poder de parasitismo intracelular.
Alguns
dados dos pacientes sujeitos a infecção
São
mais susceptíveis à doença a raça
negra, os extremos etários (infância e velhice),
a má nutrição e a promiscuidade, profissionais
de saúde e mineiros portadores de silicose, o alcoolismo,
uso de medicamentos como corticóides, portadores de outras
doenças como o diabetes, neoplasias (mais comumente os
linfomas e a AIDS) e a sarcoidose.
Tuberculose
de primo-infecção
Atinge
os alvéolos onde em seguida se desenvolve uma reação
inflamatória com adenopatia satélite, constituindo
o que chamamos de complexo primário. Este complexo pode
ter evolução abortiva e passar despercebido. Quando
não evoluiu para a cura, pode ser desenvolvida reação
intensa, formação de cavernas (pornecrose do tecido
pulmonar), disseminação através dos brônquios
ou do sangue e acometimento da pleura. No Brasil a primo infecção
acontece na faixa etária até os 15 anos.
Tuberculose
de reinfecção
Pode
resultar de recrudescência da primo-infecção
(endógena) ou por contágio atual com um paciente
bacilífero (exógena).
Prevenção
A
vacina BCG (bacilo de Calmette-Guérin) é obtida
pela atenuação do bacilo tuberculoso, sendo capaz
de induzir a resistência ao indivíduo sem transmitir
a doença. É usado por via intradérmica
não havendo contra-indicação absoluta a
seu uso, exceto pela presença de eczema ou piodermite
extensa. É feita no primeiro mês de vida fornecendo
proteção duradoura em 80% dos casos. A lesão
provocada pela vacina leva de 2 a 3 meses até sua cura
definitiva, tendo como complicações raras abcesso,
adenopatias volumosas (ínguas) e úlcera crônica.
Diagnóstico
Devem
ser investigados os pacientes com tosse com ou sem expectoração
persistente por mais de 3 semanas, emagrecimento, hemoptise
(eliminação de sangue no escarro) e principalmente
com história epidemiológica sugestiva da doença.
Os exames usados na tentativa do diagnóstico de certeza
são a baciloscopia do escarro, a radiologia do tórax,
o teste tuberculínico (PPD) que evidencia o contato prévio
com o bacilo e a cultura do escarro ou outros líquido
sem meio apropriado.
Diagnóstico
diferencial
Deve
ser feito com a tuberculose residual inativa, a paracoccidioidomicose,
o carcinoma brônquico, a sarcoidose, a histoplasmose,
a aspergilose o abcesso pulmonar e alguns tipos de pneumonia.
Tuberculose
Extrapulmonar
As
formas extra-pulmomares mais frequentes da doença são
a pleural (que ocorre por ruptura de pequenos focos pulmonares
subpleurais) - 45%, a linfática - 15%, agênito-urinária
- 16%, a miliar (disseminação por ruptura de lesão
dentro de um vaso sanguíneo com disseminação
dos bacilos por todo organismo) - 10% e a osteo-articular -
7%. A forma extra-pulmonar representa cerca de 18% do total
de casos notificados.
Tratamento
O
tratamento é feito através de drogas, e é
eficaz. Hoje em dia são usadas arifampicina, isoniazida,
pirazinamida, estreptomicina, etambutol, etionamida e outras.
Estas drogas produzem diversos efeitos colaterais e desta forma
o acompanhamento médico é imperativo. O esquema
atualmente mais utilizado é o RIP (rifampicina, isoniazida
e pirazinamida) num esquema de seis meses de terapia, dito tríplice
para diminuir a possibilidade de resistência das drogas
e de diminuir a população bacteriana a curto prazo.
Dr.
Jorge Wilson Magalhães de Souza
Clínica Médica - Rio de Janeiro/RJ
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