O sono é um período de descanso para o corpo, sendo fundamental para
as suas funções biológicas. É uma atividade noturna e seu tempo
de duração varia de pessoa para pessoa, sendo de maior duração
na infância, diminuindo com a idade.
Freqüentemente
a diminuição do tempo de sono, que ocorre normalmente na terceira
idade, é confundida com insônia ou qualquer outro distúrbio
de sono.
O sono
satisfatório é a sensação de noite bem dormida, independente
do tempo dormido. Algumas pessoas dormem somente duas horas
e tem sono satisfatório. A falta de sono, por sua vez, leva
à fadiga, irritabilidade, e a problemas de memória.
Há vários
distúrbios do sono, como a sonolência excessiva, o sonambulismo,
e o terror noturno, mas a insônia é o mais importante. O sono
é estudado, em laboratório, através do polissonograma. Este
exame obriga a pessoa a dormir no local do exame e proporciona
estudo detalhado do sono.
Alguns cuidados
são muito importantes para se ter um bom sono: horários constantes
para dormir e acordar; evitar dormir mais que o necessário;
estar relaxado e tranqüilo ao ir dormir e se possível tomar
um banho quente antes; procurar dormir sempre no mesmo lugar;
evitar bebida estimulante (café e álcool, por ex ) e fumo antes
de dormir; bem como refeições pesadas.
A melhor
posição para se dormir é de lado, com os joelhos flexionados,
sobre um colchão resistente mas não duro e travesseiro da altura
dos ombros. Deve se evitar a utilização de colchão muito macio,
como o de molas.
A insônia é uma situação muito freqüente, e o seu diagnóstico correto
é fundamental na escolha da terapia. Caracteriza-se pela dificuldade
para dormir, tanto no que diz respeito ao inicio do sono, como
também à sua duração, propiciando uma sensação de noite mal
dormida com cansaço ao acordar. Na terceira idade a duração
do sono tende a diminuir e também a tornar-se mais interrompido,
sem que seja caracterizada a insônia. Na insônia nunca há a
sensação de noite bem dormida ao se acordar ou sono satisfatório.
A insônia
pode se manifestar de três formas: a demora para se iniciar
o sono, o acordar durante a noite ou o despertar muito cedo.
A insônia persistente pode levar a problemas de humor e de comportamento,
como a depressão. A pessoa que não dorme bem está mais sujeita
a sofrer acidentes de automóvel, a aumentar o consumo de álcool
e sentir sonolência durante o dia.
A insônia,
entretanto, pode ocorrer de maneira transitória, durante um
período de maior preocupação ou "stress" ou após viajem muito
longa ("jet lag"). A insônia que persiste por mais de três semanas
é denominada crônica. Não é uma doença e sim um sintoma de distúrbios
orgânicos e/ou psíquicos. Pode ser devida a determinados hábitos:
horário irregular para dormir, uso abusivo de café, tabagismo,
alcoolismo, etc. Problemas ambientais como barulho, luz excessiva,
frio ou calor, incompatibilidade com parceiro (a) , também são
importantes.
Algumas
doenças, como a demência e o Parkinson podem ser acompanhada
de insônia. O estado febril e a dor produzem insônia. Doenças
que levam ao desconforto respiratório (enfisema e insuficiência
cardíaca, por ex) são causas de alterações no ritmo do sono.
Grandes altitudes podem levar à insônia durante os dias de adaptação.
Na grande
maioria dos casos, entretanto, a insônia está relacionada a
distúrbios psíquicos como a depressão, ansiedade, angustia,
ou stress. Alguns estudos demonstram ser a insônia mais freqüente
entre pessoas divorciadas e viuvas. É sempre fundamental a identificação
de uma ou de diversas causas da insônia, para a sua correção.
No tratamento
da insônia a higiene do sono é fundamental, isto é, a eliminação
daqueles fatores ambientais importantes. O hábito de praticar
exercícios regulares, de comer coisas leves antes de dormir,
e manter horários fixos para dormir ajudam a evitar a insônia.
O excesso de alimentos e de bebidas (café, refrigerantes ou
bebidas alcoólicas) são hábitos que devem ser evitados no período
que antecede o sono. A "soneca" durante o dia deve ser evitada.
O estado psíquico da pessoa deve ser sempre bem avaliado e conseqüentemente
orientado.
O controle
da insônia com medicamentos deve ser feito com muito critério.
Os medicamentos ditos soníferos ou reguladores do sono nada
mais são que psicotrópicos (na sua maioria derivados dos benzodiazepínicos),
que devido a sua ação depressiva sobre o sistema nervoso central
induzem ao sono. São drogas úteis para a indução rápida do sono
em situações especiais, como nos momentos que antecedem a uma
cirurgia (pré-operatório) ou em viajem longa, por ex. O uso
regular destas drogas deve ser evitado, pois levam a dependência,
distúrbios da coordenação motora e de comportamento, diminuição
da memória e produzem depressão, e no fim, pioram a insônia.
As estatísticas
mostram que os soníferos estão entre as drogas mais consumidas
na idade adulta. A sua utilização deve ser feita levando-se
em conta que o seu uso prolongado leva ao acúmulo da droga no
organismo, alem de produzir aumento de seus efeitos colaterais.
Alguns cuidados
devem nortear a utilização de substâncias psicotrópicas no controle
do sono: usar doses pequenas ( mínima dose eficiente) e de maneira
intermitente (2 a 3 vezes por semana), por curto espaço de tempo
(no máximo quatro semanas) e ser retirada gradualmente. Os psicotrópicos
melhores são aqueles de mais rápida eliminação: triazolam ("Halcion"),
zolpidem ("Stilnox") e midazolan ("Dormonid"). No idoso a dose
deve ser sempre menor que aquela utilizada para o adulto jovem.
A utilização
de antidepressivos, principalmente aqueles relacionados ao metabolismo
da serotonina (trazodone, nefazodone, paroxetine), melhoram
a qualidade do sono e estão sendo cada vez mais utilizadas com
bons resultados. Algumas substâncias antialérgicas (antihistamínicos)
podem ser utilizadas para induzir o sono. A melatonina pode
ser eficiente, principalmente em idosos.
A utilização
de substâncias pouco agressivas ao organismo, como chás, especialmente
o de valeriana (derivado da planta Valeriana officinalis) pode
ser útil no tratamento, com a vantagem de ser inócuo.
Dr.
João Roberto D. Azevedo
Médico neurocirurgião Autor do livro "Ficar Jovem Leva Tempo…
Um Guia para Viver Melhor". Editora Saraiva. E-mail: jrobert@dialdata.com.br |