Dr.
Jorge W. Magalhães de Souza
A
Artrite Reumatóide (AR) é uma doença inflamatória
crônica sistêmica que afeta as articulações
e outros órgãos. A causa é desconhecida
e não possui nenhum teste diagnóstico específico.
O
American College of Rheumatology recentemente revisou os critérios
diagnósticos da doença para dar uniformidade em
sua investigação eepidemiologia e são eles:
- rigidez
articular matinal com duração > ou = a 1
hora
- edema
(inchaço) de 3 ou mais articulações
- edema
das articulações das mãos (dedos), interfalangeanas,
e/ou pulso (punho) metacarpofalangeanas
- edema
simétrico (bilateral) dos tecidos moles periarticulares
- presença
de nódulos subcutâneos
- Fator
reumatóide no sangue positivo
- erosões
articulares e/ou periarticulares com diminuição
da densidade óssea, nas mãos ou pulsos, observadas
em exames radiológicos.
O
critério para o diagnóstico é a observação
contínua por 6 semanas ou mais e 4 dos 7 critérios
estarem presentes.
Seu
aparecimento ocorre entre a 4 e 6 década de vida (exceto
a forma juvenil). As mulheres são mais freqüentemente
acometidas que os homens (2a 3 vezes).
Sua
etiologia (causa) permanece desconhecida e os pesquisadores
tentam 3 pontos de investigação que são
promissores:
1)
fatores genéticos.
2)
anormalidades autoimunes e
3)
uma infecção microbiana aguda ou crônica
como gatilho para a doença.
Os
achados clínicos podem variar. As articulações
das mãos, pulsos, joelhos, pés e tornozelos, pescoço,
cotovelos, ombros, quadris, esterno-claviculares, têmporo-mandibulares
e cricoaritenóide (na frente do pescoço) podem
ser acometidas (dor, inchaço e inflamação
com destruição progressiva articular). Outros
órgãos ou tecidos como a pele, tecido subcutâneo,
unhas, músculos, rins, coração, pulmão,
sistema nervoso, olhos e sangue podem apresentar alterações.
A chamada Síndrome de Felty (aumento do baço,
dos gânglios linfáticos e queda dos glóbulos
brancos em paciente com a forma crônica da AR) também
pode ocorrer.
Laboratorialmente
a anemia é um achado comum, assim como o nível
de ferro sangüíneo. O fator reumatóide no
sangue é positivo em cerca de 80% dos casos e anticorpos
antinucleares, detectados por imunofluorescência em geral
em baixa titulagem são encontrados em 30 a 40% dos casos.
O
tratamento tem como objetivos: aliviar a dor, reduzir a inflamação,
minimizar os efeitos colaterais indesejáveis, preservar
a força e a massa muscular (atrofias são freqüentes)
assim como a função da articulação
e o retorno ao estilo de vida normal do paciente o mais rapidamente
possível.
O
programa inicial básico que deve ser proposto para a
grande maioria dos pacientes é: repouso adequado, terapêutica
antiinflamatória e medidas físicas (fisioterápicas)
para manter a função articular e a massa muscular.
Geralmente a hospitalização é desnecessária.
Os exercícios, mesmo passivos (feitos com ajuda) devem
ser mantidos assim como a terapia com calor (que causa dilatação
dos vasos sangüíneos, com aumento do fluxo de sangue
para a área e maior velocidade na remoção
das substâncias metabólicas indesejáveis).
Os
antiinflamatórios não esteróides são
a base do tratamento e dentre eles podemos usar o ácido
acetil salicílico, ibuprofeno, naproxeno, tolmetim, indometacina,
sulindac, piroxicam, diclofenaco e outros. O ácido acetil
salicílico geralmente é mais efetiva que os outros,
mas pela necessidade de altas dosagens os outros podem ser melhor
tolerados.
Os
efeitos colaterais destas drogas podem tornar-se um problema
terapêutico e os mais comuns são: irritação
gastrointestinal, reações na pele, aumento do
tempo de coagulação sangüíneo, toxicidade
hepática reversível e comprometimento da função
dos rins.
Se
os medicamentos acima falham podemos usar os antimaláricos,
sais de ouro, penicilamina e o metotrexate.
O
antimalárico mais usado é a hidroxicloroquina
que pode causar lesões retinianas e o acompanhamento
oftalmológico se faz necessário.
Os
sais de ouro produzem remissão do quadro em muitos casos
tendo como efeitos colaterais a lesão renal e da medula
óssea, também devendo sermonitorizado o uso da
droga.
A
penicilamina é também usada e pode produzir melhora
e até remissão mas, como os sais de ouro, seus
efeitos demoram a ocorrer e os mesmos cuidados acima mencionados
devem ser feitos. Pode ainda induzir outras doenças autoimunes
como a Miastenia Gravis, o Lupus Eritematoso e a Síndrome
de Goodpasture.
As
drogas imunosupressoras como a azatioprina, o metotrexate, a
ciclofosfamida e o clorambucil são usados nos casos graves
de AR. O mais efetivo no tratamento é o metotrexate,
mas possui inúmeros efeitos colaterais.
O
uso dos chamados corticóides possuem efeitos consideráveis
na AR, mas devem ser evitados rotineiramente e a longo prazo,
devido a suas complicações. São indicados
no fracasso da terapêutica conservadora, lesões
articulares severas, presença de importantes manifestações
sistêmicas (outros órgãos) e existência
de alterações oculares. Quando usados devem ser
prescritos na menor dose possível, mas em alguns casos
grandes doses são necessárias (neuropatia, cardite,
pleurite, etc...). Podem causar aumento excessivo de peso, face
de lua cheia, acne, manchas arroxeadas pelo corpo (equimoses),
hirsutismo, diabetes, úlcera péptica, osteoporose,
catarata, miopatia, distúrbios mentais e aumento do número
de infecções oportunísticas. O sal mais
indicado é a prednisona.
Dr.
Jorge W. Magalhães de Souza
Clínica Médica e Perícia
Rio de Janeiro - Brasil
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