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Câncer de Bexiga

                       

O câncer da bexiga é bastante comum. Quando detectado precocemente - o que ocorre em 70-80% dos casos –, as chances de sobrevida são muito boas. O tabagismo é um fator de risco importante. Pessoas com história de câncer da bexiga na família apresentam um risco maior de desenvolver a doença.

A maioria dos casos de câncer vesical acomete pessoas com mais de 55 anos de idade, mas pode ocorrer em pessoas mais jovens. Tabagistas possuem um risco duas a três vezes maior que pessoas que não fumam.

Algumas ocupações (cabelereiros, pessoas em indústrias têxteis, de couro e de produtos químicos, maquinistas, metalúrgicos, pintores e motoristas de caminhão, entre outros) apresentam um risco maior devido a exposição a carcinógenos no local de trabalho.

A maioria dos cânceres recebe o nome da parte do corpo ou do tipo de células de onde se originam. Cerca de 90% dos cânceres da bexiga são carcinomas de células transicionais –cânceres que se originam das células que revestem internamente a bexiga. O câncer restrito à camada superficial é chamado câncer vesical superficial.

Em alguns casos, o câncer se inicia nas células transicionais, se espalha e invade a parede muscular – é o câncer vesical invasivo. Ele pode crescer através da parede da bexiga e invadir órgãos vizinhos na pelve.

As células cancerosas da bexiga também podem ser encontradas nos linfonodos (gânglios) que circundam a bexiga. Quando o câncer alcança estes gânglios significa que ele já é capaz de alcançar órgãos tão distantes quanto os pulmões - as células cancerosas no tumor distante ainda são células da bexiga, sendo o novo tumor chamado câncer vesical metastático e não câncer pulmonar, uma vez que possui as mesmas células anormais encontradas na bexiga.

O que sente um paciente com câncer de bexiga ?

As principais queixas são sangue na urina, dor ao urinar, e necessidade de urinar com freqüência ou sensação de esvaziamento incompleto da bexiga. Estes sintomas não são exclusivos do câncer de bexiga, podendo ser causados por infecções, tumores benignos, pedras na bexiga ou outros problemas.

Como o câncer é diagnosticado ?

Exames de urina são úteis para pesquisar a presença microscópica de sangue ou células cancerosas, mas o melhor exame é a Cistoscopia. Neste procedimento, um aparelho é passado pela uretra para observar diretamente dentro da bexiga, podendo ser realizado sob anestesia local.

A Cistoscopia possibilita a realização de biópsias, confirmando a presença do câncer. Nos casos em que a biópsia extrai completamente a lesão, ela diagnostica ao mesmo tempo em que trata o tumor.

Uma vez firmado o diagnóstico, o passo seguinte é definir Grau e Estágio da lesão. O Grau é importante pois informa o nível de malignidade. O Estágio é uma tentativa cuidadosa de descobrir se ocorreu disseminação e, se isto ocorreu, quais partes do corpo foram afetadas.

O estágio do câncer da bexiga pode ser determinado no momento do diagnóstico ou podem ser necessários mais testes, tais como tomografia computadorizada, ressonância magnética, radiografia do tórax e outros.

Como o câncer de bexiga é tratado ?

O tratamento varia de acordo com o estágio da doença (particularmente a profundidade de invasão do câncer na parede da bexiga), do grau do câncer, das condições gerais de saúde do paciente e alguns outros fatores. Freqüentemente, o tratamento é realizado por uma junta médica, incluindo urologistas e oncologistas, variando de paciente para paciente. 

Dependendo do estágio e do grau, o câncer da bexiga pode ser tratado com (1) cirurgia, (2) radioterapia, (3) quimioterapia ou (4) imunoterapia, isoladamente ou combinados entre si.

  • Cirurgia: esta é a opção mais comum. Os tumores iniciais (superficiais) podem ser tratados através de um procedimento chamado Ressecção Trans-Uretral (RTU). Os tumores invasivos em geral são tratados com Cistectomia radical, uma cirurgia onde se retira a bexiga, os gânglios circunjacentes e qualquer órgão vizinho que contenha células cancerosas. Nos homens, pode-se remover a próstata e as vesículas seminais. Na mulher, o útero, os ovários e parte da vagina. Em algumas ocasiões, quando o câncer já se disseminou para além da bexiga e não pode mais ser removido, retira-se a bexiga apenas para aliviar os sintomas urinários. Outra cirurgia empregada é a que retira apenas parte da bexiga, chamada Cistectomia segmentar. Esta cirurgia deve ser realizada quando o paciente possui um câncer bem diferenciado (pouco maligno) invadindo a parede da bexiga mas ainda limitado a uma determinada área do órgão.

 

  • Radioterapia: utiliza raios de alta energia para matar as células cancerosas. Da mesma forma que a cirurgia, a radioterapia é uma terapia local, pois afeta as células malignas apenas na área tratada. A radioterapia é utilizada para aliviar os sintomas nos casos onde o câncer já se disseminou para outros órgãos. A radiação pode ser administrada a partir de uma máquina externa ao corpo (Radioterapia externa) ou através de implantes de material radioativo na bexiga (Radioterapia interna). Alguns pacientes são tratados com as duas formas.

Geralmente a radiação externa é administrada sem necessidade de internação, em cursos de 5 dias por semana durante 5 a 7 semanas. Na Radioterapia Interna, os implantes podem ser colocados na bexiga através da uretra. O paciente permanece no hospital por vários dias e, via de regra, é impedido de receber visitas – ou as recebe por períodos muito curtos – para impedir contaminação radioativa. Uma vez removido o implante, o corpo não permanece radioativo.

  • Quimioterapia: utiliza drogas para matar as células cancerosas. Pode ser utilizada sozinha ou após RTU ou, ainda, em combinação com a radioterapia. Na Quimioterapia Intravesical, os medicamentos são colocados diretamente na bexiga através de um cateter inserido na uretra. Este tipo de tratamento em geral é administrado uma vez por semana durante várias semanas, podendo prosseguir com uma ou mais sessões por mês durante até um ano.

 

A quimioterapia pode ser utilizada para controlar a doença quando as células cancerosas já invadiram várias camadas da bexiga ou disseminaram para gânglios e outros órgãos. Neste caso, as drogas geralmente são administradas por via endovenosa (Terapia Sistêmica). Os medicamentos geralmente são dados em ciclos: um período de tratamento seguido por um período de recuperação, então um novo período de tratamento e daí por diante. O paciente recebe a quimioterapia no ambulatório, no consultório médico ou em casa. Contudo, dependendo das drogas escolhidas e das condições gerais de saúde do paciente, pode ser necessário um breve período de hospitalização.

  • Imunoterapia: ou Terapia Biológica, é uma forma de tratamento que utiliza o próprio sistema imune para combater o câncer. No câncer da bexiga, este tipo de tratamento é mais utilizado nos casos de câncer superficial. Da mesma forma que a quimioterapia, a imunoterapia pode ser utilizada sozinha ou após RTU, com o objetivo de evitar a recorrência do tumor. A imunoterapia consiste em injetar uma solução de BCG (uma substância que estimula o sistema imune) dentro da bexiga. O medicamento permanece dentro da bexiga por duas horas e então permite-se que o paciente urine, eliminando-o. Este tratamento geralmente é feito uma vez por semana durante 6 semanas e pode ser prolongado ou repetido.

 

Quais os efeitos colaterais do tratamento ?

É difícil limitar os efeitos da terapia contra o câncer. O tratamento pode lesar células e tecidos saudáveis, freqüentemente causando diversos efeitos colaterais. Estes efeitos dependem principalmente do tipo e da extensão do tratamento. Ainda, podem variar de paciente para paciente ou de um tratamento para o outro.

  • Cirurgia: A RTU causa poucos problemas – sangue na urina ou dor ao urinar por alguns dias. Alguns pacientes não serão mais capazes de conter a urina após uma cistectomia segmentar – este problema pode ser temporário ou definitivo. Nos casos em que a bexiga é completamente retirada, pode-se construir um reservatório dentro da barriga utilizando alças intestinais ao qual são conectados os ureteres. O reservatório é exteriorizado através de uma abertura na parede abdominal chamada estoma. Um saco plástico é acoplado ao estoma, coletando a urina. O procedimento cirúrgico utilizado para criar um estoma chama-se Urostomia. Técnicas cirúrgicas mais recentes utilizam uma parte do intestino delgado para construir um reservatório continente. O reservatório continente é esvaziado pelo paciente, introduzindo um cateter. Nas mulheres, a vagina pode ser estreitada ou diminuída, prejudicando o intercurso sexual, mas existem técnicas para reconstruir o que foi retirado.  No passado, quase todos os homens ficavam impotentes após uma cistectomia radical, mas avanços nas técnicas cirúrgicas tornaram possível evitar este efeito colateral em alguns casos. Contudo, os homens dos quais foram retiradas a próstata e as vesículas seminais não produzem mais sêmen e não são mais capazes de fertilizar uma mulher.

 

  • Radioterapia: os efeitos dependem da dose e da parte do corpo tratada. A sensação de fadiga pode ser intensa, principalmente após várias semanas de tratamento, mas recomenda-se manter o maior nível de atividade possível. Ocorre um escurecimento da pele (bronzeamento) na radioterapia externa. A radiação no abdome pode causar náuseas, vômitos, diarréia e desconforto ao urinar. Também podem ocorrer diminuição do número de células brancas no sangue, ressecamento vaginal nas mulheres e dificuldade de ereção nos homens. Apesar dos efeitos colaterais desgastantes, geralmente eles podem ser tratados ou controlados e, felizmente, em sua maioria, não são permanentes.
  • Quimioterapia: os efeitos colaterais dependem principalmente das drogas e das doses que estão sendo administradas. Medicamentos injetados na bexiga podem causar desconforto ou sangramento. A quimioterapia sistêmica afeta rapidamente as células em divisão no corpo, diminuindo a resistência do sistema imune, causando perda de cabelo, diminuição do apetite, náuseas e vômitos. Geralmente, estes sintomas desaparecem gradualmente durante os períodos de recuperação entre as sessões ou após o término do tratamento. Algumas drogas podem lesar os rins, causar tremor nas mãos, zumbidos ou perda da audição, sendo que estes problemas podem não desaparecer uma vez finalizada a quimioterapia.

 

  • Imunoterapia: o tratamento com BCG pode irritar a bexiga por alguns dias, causando dor (especialmente ao urinar), sensação de urgência urinária, sangramento na urina, febre baixa, fadiga ou náuseas. Outros tipos de imunoterapia podem causar sintomas parecidos com uma gripe, tais como calafrios, febre, dores musculares, fraqueza, perda do apetite, náuseas, vômitos e diarréia. Os paciente podem sangrar ou suar facilmente. Os efeitos colaterais podem ser bastante problemáticos, mas desaparecem com o fim do tratamento.

 

O que acontece após o tratamento ?

Existe sempre uma preocupação natural quanto à recuperação e a evolução no futuro. É comum utilizar estatísticas para tentar imaginar chances de cura, mas deve-se ter em mente que estes números são médias baseadas em grandes grupos de pacientes e podem não predizer com segurança o que acontecerá a um paciente em particular - afinal, os tratamentos e as respostas variam muito e não existem dois casos completamente iguais.

O médico que acompanhou o caso é a melhor pessoa para se discutir o prognóstico. Provavelmente ele preferirá o termo Remissão ao invés de cura. Ainda que muitos pacientes estejam realmente curados, o termo Remissão é preferível pois existe sempre a possibilidade do câncer retornar. Exames regulares de acompanhamento são importantes para detectar precocemente os casos de recorrência.

 


Dr. Alessandro Loiola, MD

•  Médico, especialista em Cirurgia Geral pela Santa Casa de Belo Horizonte.
•  CRMMG 30.278
•  Staff e Membro da Comissão de Ética do Hospital Nossa Senhora Aparecida, BH.
•  Membro do Conselho Consultivo Editorial de E-Biomed Brazil ( www.ebiomedbrazil.com ).
•  Membro do Health Advisory Board - P/S/L Resarch Group ( www.pslresearch.com ) para conteúdo médico-científico em websites.
•  Membro da AMIA – American Medical Informatics Association (www.amia.org).
•  Membro da SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde
•  Membro do CBTMS – Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde ( www.cbmts.com.br )
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