Dr. Alessandro Loiola
CRMMG 30.278
O distúrbio bipolar, ou distúrbio maníaco-depressivo, caracteriza-se por variações do humor entre dois pólos opostos, alternando períodos de mania (euforia exagerada) e depressão. A doença bipolar tem confundido os médicos por séculos, mas apenas nos últimos 40 anos começou ser realmente compreendida e tratada.
O que causa a Doença Bipolar?
Acredita-se que a doença bipolar seja apenas um elo em uma cadeia de doenças psiquiátricas que vão desde a esquizofrenia até a depressão, diferentes em manifestações e gravidade, porém compartilhando uma causa biológica comum – mas existem críticos à esta teoria.
Exames de ressonância magnética (RM) dos cérebros de pacientes com doença bipolar mostram anormalidades estruturais no hipocampo – o lado esquerdo do hipocampo estava bem maior que o direito. Na esquizofrenia, o hipocampo está diminuído.
Ainda que nem todos os casos possam ser caracterizados como hereditários, os fatores genéticos têm um papel importante na doença bipolar. Os cientistas acreditam que sejam necessários vários defeitos genéticos para desencadear a doença bipolar.
Fatores ambientais também contribuem. Não existe uma causa única para esta doença complexa. Quando hereditária, a doença pode piorar nas gerações seguintes. Porém, não existem testes genéticos disponíveis para detectar doença bipolar.
Qual a gravidade deste distúrbio?
A doença bipolar pode ser grave a longo prazo, ou leve com crises ocasionais. Os pacientes bipolares apresentam uma média de 8 a 10 episódios de depressão durante sua vida, mas algumas pessoas podem passar por vários ciclos de depressão/mania por dia.
Estima-se que cerca de 15% a 20% dos pacientes vítimas de doença bipolar sem tratamento cometam suicídio - apenas um terço dos pacientes bipolares recebem tratamento.
Mesmo com o uso regular dos medicamentos e um acompanhamento criterioso, as crises podem ocorrer. O tratamento surte mais efeito nos pacientes cuja doença seja mais recente, nos advindos de classes sociais mais altas e nos que cooperam com o tratamento.
Apesar de uma pequena porcentagem de pacientes serem altamente produtivos ou criativos durante as fases maníacas, as características mais constantes durante estas maníacas são distorção pensamento e comprometimento da capacidade de julgamento, levando a comportamentos perigosos.
No estágio maníaco, por exemplo, a pessoa pode gastar dinheiro intensamente, arruinando-se financeiramente. Raiva, paranóia, promiscuidade e mesmo comportamentos violentos não são raros durante os episódios maníacos.
Os pacientes bipolares necessitam de um apoio enorme para ajudar a evitar comportamentos arriscados e lutar contra a baixa auto-estima e o sentimento de culpa nas fases de depressão. Em todas as fases da doença, devem ser lembrados que as alterações do humor irão passar e sua gravidade pode ser diminuída com o tratamento.
Não se deve subestimar efeitos negativos da doença sobre a família, cônjuges e amigos íntimos. Freqüentemente, os familiares se sentem estigmatizados na presença de um parente com doença mental e tendem a contemporizar a situação. Mesmo assim, muitos parentes que buscam ajuda para si e para o doente geralmente não resistem às mudanças devastadoras de humor, particularmente quando o paciente é verbalmente ou fisicamente agressivo durante os episódios maníacos.
Pouquíssimas pessoas, mesmo aquelas mais íntimas, possuem a objetividade necessária para não levar um ataque maníaco em termos pessoais. Em geral, os ataques maníacos são vistos como deliberados, uma vez que o paciente quase sempre está bem no momento em que tenta justificar seu comportamento. Muitos relutam em admitir que estes episódios são parte de uma doença e não simplesmente características normais de sua personalidade.