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Tirando dúvidas sobre Asma

 

Cerca de 10% da população mundial é afetada pela Asma, uma doença crônica caracterizada pela inflamação dos pulmões. Durante esta inflamação, a via aérea se torna estreitada e pode ser preenchida com os líquidos secretados pela inflamação pulmonar, causando falta de ar, “chieira” no peito, tosse, fadiga e dificuldade de concentração.

A asma – palavra derivada de um termo grego que significa “arfante” - pode ser desencadeada por exercício, alergias, baixas temperaturas, infecções ou estresse. Não possui cura, mas é possível obter um bom controle.

O que causa a asma?

A asma possui causas complexas que variam de acordo com os grupos populacionais e mesmo entre os indivíduos. A maioria dos asmáticos é alérgica, mas nem todas as pessoas alérgicas possuem asma – e os processos alérgicos não conseguem explicar todos os casos de asma. Provavelmente a asma é um resultado de susceptibilidade genética, envolvendo vários genes e fatores ambientais desencadeantes.

  1. Alérgenos comuns: uma crise asmática pode ser induzida por irritantes em contato direto com os pulmões, tais como pêlo animal, pólen, mofo e fungos. Os principais alérgenos que desencadeiam a asma em casa são os ácaros – especificamente suas fezes, repletas de enzimas que contêm alérgenos poderosos. As baratas também são fatores desencadeantes importantes e podem reduzir a função pulmonar em pessoas sem história de asma. A associação entre asma e rinite alérgica sasonal e não-sasonal é incerta. As duas doenças frequentemente coexistem e, ainda que quase todas as pessoas asmáticas tenham uma história de rinite alérgica, apenas 1% a 12% das crianças com rinite alérgica desenvolvem asma. É mais provável que os dois distúrbios tenham fatores desencadeantes comuns, mas nenhuma associação de causa.

 

  1. Poluição e tabagismo: a poluição do ar tem sido associada ao desenvolvimento da asma. Os principais poluentes que podem causar asma são a fumaça de óleo diesel, o dióxido sulfúrico (das indústrias de papel) e o dióxido de nitrogênio (dos fornos a gás). O tabagismo acelera a redução da capacidade funcional dos pulmões na asma.
  1. Alergias alimentares: apesar de 67% dos asmáticos acreditarem que seus sintomas são agravados por alergias alimentares, pesquisas indicam que isto provavelmente só ocorre em 5% dos casos. Os principais suspeitos são o glutamato monossódico (encontrado em sopas em lata, queijos e certos vegetais) e sulfetos (conservantes em vinho e comidas).

 

  1. Fatores ocupacionais: estima-se que 15% a 20% dos casos de asma em adultos sejam causadas por exposição ocupacional a determinados produtos químicos, principalmente cloretos e amônia.
  1. Outros fatores: ar frio e emoções fortes também podem agravar os sintomas da asma. Certos medicamentos como aspirina e beta-bloqueadores podem desencadear crises asmáticas.

 

  1. Fatores Genéticos: cerca de um terço de todas as pessoas asmáticas possuem familiares com o mesmo problema. Os fatores genéticos parecem ser mais importantes que os fatores ambientais nestas famílias, com predomínio da transmissão materna (é mais provável que uma criança tenha asma quando apenas a mãe é asmática do que quando apenas o pai apresenta a doença).
  1. Exercício: em 40% a 90% dos asmáticos, os exercícios desencadearão tosse, chieira ou falta de ar. A asma induzida pelo exercício (AIE), contudo, é desencadeada apenas pelo exercício e diferencia-se da asma alérgica original. É possível uma associação entre os dois tipos de asma – alérgica e induzida pelo exercício. Apesar da AIE apresentar os mesmos sintomas da asma alérgica, ela não é tão perigosa quanto a última e não necessita de tratamento hospitalar. A AIE frequentemente ocorre após a prática intensa de exercícios no ar frio e seco.

 

  1. Infecções: microorganismos como Chlamydia pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae, adenovírus e vírus sincicial respiratório são causas importantes de infecções respiratórias e têm se tornado suspeitos em muitos casos de asma grave em adultos. Todavia, os cientistas ainda não conseguiram concluir se os microorganismos são responsáveis pela asma ou se a culpa recai, na verdade, nos efeitos adversos, sobre o sistema imune, dos antibióticos utilizados para combatê-los.
  1. Hormônios: alterações nos níveis hormonais parecem ter um papel importante na gravidade da asma nas mulheres. Cerca de 30 a 40% das mulheres apresentam flutuações na gravidade das crises relacionadas ao ciclo menstrual. A crise tende a ocorrer três dias antes e durante os quatro dias da menstruação. Os anticoncepcionais orais podem ajudar estes casos, nivelando as flutuações hormonais. A Terapia de Reposição Hormonal (TRH) na menopausa dobra o risco de asma. Na gravidez, um terço das mulheres asmáticas apresentam piora das crises, um terço sofre menos e o outro terço não observa alterações na gravidade dos ataques.

 

  1. Refluxo Gastro-Esofágico (RGE): o RGE, causa da azia, é comum em muitos pacientes asmáticos. O RGE pode causar asma ao transbordar ácido nas vias aéreas, desencadeando o mecanismo de hiperreatividade. Deve-se suspeitar de RGE nos pacientes que não respondem ao tratamento para asma, nos casos em que as crises acompanham episódios de azia, e/ou nas pessoas cujas crises são piores após exercícios.
  1. Sinusite: cerca de metade das pessoas com asma alérgica apresentam anormalidades nos seios da face, sendo que aproximadamente 17% a 30% dos pacientes asmáticos desenvolvem sinusite. Todavia, a presença de sinusite não parece aumentar a gravidade da asma.  

 

Existem fatores de risco para Asma?

Além das causas conhecidas, suspeita-se que determinados fatores ambientais participem do desenvolvimento da asma. A asma ocorre antes dos 15 anos de idade mais frequentemente nos homens, sendo mais comum após a puberdade nas mulheres. As mulheres brancas apresentam um risco de morte muito maior que os  homens – e esta diferença está aumentando.

  1. Raça e condiçoes socio-econômicas: além dos idosos, as pessoas com maior risco para asma grave e morte são os pobres das zonas urbanas.

 

  1. Ocupação: atletas de alta performance, incluindo corredores de longas distâncias e, particularmente, nadadores, parecem ser mais susceptíveis à asma. Qualquer trabalhador exposto a agentes alérgenos ocupacionais pode apresentar um risco maior de asma, incluindo não-tabagistas e pessoas sem antecedentes de alergia. É difícil listar todos os potenciais alérgenos ocupacionais. Algumas das substâncias que são particularmente problemáticas incluem: isocianetos (utilizados na fabricação de poliuretano, tintas, aço e produtos eletrônicos), anidretos trimetílicos (TMA, utilizados em muitos plásticos e epóxis), sais metálicos (platina, níquel e cromo), pós vegetais (grãos, cereais, farinhas e algodão), agentes biológicos Bacillus subtilis, enzimas pancreáticas) e medicamentos (penicilina, ácido clorídrico), entre outros. Trabalhadores em contato com estas substâncias – incluindo fazendeiros e até mesmo cabelereiros – apresentam risco para asma. A melhora ocorre com o tempo na maioria das pessoas, após a eliminação do agente causador.
  1. Obesidade: não se determinou ainda se a obesidade é um fator de risco para asma ou se a asma, ao inibir a atividade física, resulta em ganho de peso.  

 

Quais são os principais sintomas da Asma?

Após exposição aos fatores desencadeantes da crise asmática, os sintomas raramente surgem de maneira abrupta, levando horas ou dias para se estabelecer. Em alguns casos, as vias aéreas já se encontram seriamente obstruídas quando o paciente procura auxílio(a) médico(a). A asma em geral piora à noite.

Os sintomas clássicos de uma crise asmática são tosse, chieira e falta de ar (dispnéia). A chieira ao expirar está quase sempre presente nos ataques. Geralmente o ataque se inicia com chieira e respiração acelerada e, à medica em que se torna mais sério, todos os músculos respiratório se tornam visivelmente ativos.

A irritação do nariz e da garganta, sede e a necessidade de urinar são sintomas comuns e podem ocorrer antes da crise asmática. Algumas pessoas inicialmente sentem um peso no tórax ou dor ou apresentam uma tosse pouco produtiva sem chieira. A dor torácica, na verdade, ocorre em cerca de três quartos dos pacientes e pode ser acentuada, mas sua intensidade não se relaciona à gravidade da crise asmática. Os músculos do pescoço podem se tornar tensos e a fala, difícil ou impossível.

O final de uma crise asmática quase sempre é marcado por uma tosse que produz um muco espesso. Após um ataque agudo inicial, a inflamação persiste por dias ou semanas, frequentemente sem sintomas (mas ela deve ser tratada assim mesmo, pois as recorrências são comuns).

A gravidade dos sintomas da asma variam muito. Sem um tratamento específico durante uma crise, a exaustão piora ainda mais a função respiratória, podendo ser fatal.  

Como é feito o tratamento da asma?

Obviamente, o tratamento deve, sempre que possível, ser direcionado para a causa dos sintomas asmáticos. Nos ataques de falta de ar, o uso de broncodilatadores em nebulizações frequentes auxilia na saída da crise – contudo, podem ser necessários medicamentos mais fortes, como injeções de adrenalina e corticósteróides. O uso a longo prazo de corticosteróides pode ser indicado em casos selecionados. Toda crise asmática deve ser avaliada por um médico.

Mulheres grávidas podem ser tratadas de asma?

Gestantes asmáticas apresentam um risco levemente maior de complicações, particularmente hemorragias e bebês com baixo peso ao nascimento ou portadores de distúrbios respiratórios. Felizmente, as pesquisas indicam que a maioria dos remédios utilizados para tratar a asma são seguros durante a gravidez.

 


Dr. Alessandro Loiola, MD

•  Médico, especialista em Cirurgia Geral pela Santa Casa de Belo Horizonte.
•  CRMMG 30.278
•  Staff e Membro da Comissão de Ética do Hospital Nossa Senhora Aparecida, BH.
•  Membro do Conselho Consultivo Editorial de E-Biomed Brazil ( www.ebiomedbrazil.com ).
•  Membro do Health Advisory Board - P/S/L Resarch Group ( www.pslresearch.com ) para conteúdo médico-científico em websites.
•  Membro da AMIA – American Medical Informatics Association (www.amia.org).
•  Membro da SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde
•  Membro do CBTMS – Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde ( www.cbmts.com.br )
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