Dr. Alessandro Loiola
CRMMG 30.278
Você deve ter lido ou ouvido em algum lugar que um ou dois drinques por dia diminuem a incidência de ataque cardíaco e doença arterial coronariana. Isto é verdade, mas é preciso que outros fatores de risco cardíaco sejam eliminados antes de sair abrindo garrafas de vinho. Além disso, o próprio risco de se tornar um dependente do álcool devem ser levado em conta. Os cientistas há muitos anos vêem avaliando diversos aspectos que mostram o risco de um indivíduo tornar-se alcoólatra. Os principais são:
a) Risco geral e idade: Alguns estudos populacionais indicam que, em um único ano, entre 7,4% e 9,7% da população mundial se encontra dependente de álcool. As pessoas com histórias familiares de alcoolismo apresentam uma maior probabilidade de começar a beber antes da idade de 20 anos e se tornar alcoólatras. Mas qualquer um que comece a beber na adolescência apresenta um risco aumentado. Atualmente, cerca de 1,9 milhões de jovens entre 12 e 20 anos são considerados bebedores pesados e 4,4 milhões são bebedores iniciantes. Apesar do alcoolismo geralmente se desenvolver na idade adulta, a velhice não é uma exceção. Na verdade, estima-se que cerca de 15% dos homens e 12% das mulheres com mais de 60 anos de idade bebam além da conta.
b) Sexo: os homens constituem a maioria dos alcoólatras, mas a incidência do alcoolismo entre as mulheres tem aumentado nos últimos 30 anos. Estudos afirmam que cerca de 9,3% dos homens e 1,9% das mulheres são dependentes do álcool e 22% dos homens e 8,7% das mulheres ocasionalmente bebem além da conta (Abuso Alcoólico). As mulheres tendem a beber mais durante o período pré-menstrual. Também se tornam dependentes mais tardiamente que os homens. Contudo, apesar do alcoolismo entre as mulheres ocorrer mais tarde na vida, os problemas de saúde que elas desenvolvem ocorrem mais ou menos na mesma idade dos homens, sugerindo uma maior susceptibilidade à toxicidade do álcool.
c) História familiar: O risco de alcoolismo em filhos de pais alcoólatras é de 25%. O vínculo familial é mais fraco para as mulheres, mas os fatores genéticos contribuem para esta doença em ambos sexos. Mulheres advindas de famílias com história de distúrbios emocionais, parentes rejeitados ou dissolução familiar precoce não apresentam riscos maiores que aquelas que não apresentam os mesmos antecedentes. Uma família estável e psicologicamente saudável não é garantia para pessoas com risco genético. Infelizmente, não há como prever quais membros de famílias alcoólatras apresentam maior risco para a doença.
d) Raça: no geral, não há diferença de prevalência do alcoolismo entre as raças. Apesar das causas biológicas dos diferentes riscos não serem conhecidas, determinadas pessoas em certos grupos populacionais podem apresentar um risco maior ou menor de acordo com a maneira como metabolizam o álcool. As populações indígenas são menos sensíveis aos efeitos intoxicantes do álcool.
Muitos asiáticos apresentam um risco menor de se tornarem alcoólatras devido a um fator genético que os torna deficientes em aldeído desidrogenase, uma substância química utilizada pelo corpo para metabolizar o álcool. Na sua ausência, são formadas substâncias tóxicas a partir do álcool que rapidamente levam a rubor, tonteira e náuseas. As pessoas com esta susceptibilidade genética, portanto, apresentam reações adversas ao álcool e, dessa forma, não se tornal alcoolistas. Entretanto, esta deficiência não protege completamente contra o alcoolismo, particularmente se associada a pressões sociais. É importante compreender que, se hereditário ou não, o alcoolismo não exime as pessoas das responsabilidades legais de seus atos.
e) Distúrbios emocionais: Pessoas muito deprimidas ou ansiosas apresentam um risco elevado para alcoolismo, tabagismo e outros vícios. A depressão acompanha cerca de um terço de todos os casos de alcoolismo, sendo mais mais comum entre mulheres alcoólatras que entre os homens. Interessantemente, a depressão em mulheres alcoólatras pode fazê-las beber menos que as mulheres não-deprimidas, enquanto que nos homens alcoólatras a depressão possui efeito contrário, aumentando o consumo da bebida. A depressão e a ansiedade desempenham papéis importantes no desenvolvimento do alcoolismo entre idosos.
f) Traços da personalidade: cientistas estão descobrindo que o álcool relaciona-se com comportamentos impulsivos estabelecidos ainda na infância: crianças hiperativas ou com dificuldade de concentrar atenção apresentam um risco maior de alcoolismo. As crianças que mais tarde se tornarão alcoólatras ou viciadas em drogas tendem a ter menos medo de novas situações que outras, mesmo quando há perigo de se machucarem.
g) Fatores sócio-econômicos: acreditava-se que o alcoolismo fosse mais prevalente na população de nível sócio-econômico mais baixo, mas na verdade não existem grandes diferenças entre as várias classes sociais. Existe um número quase equivalente de mulheres e homens alcoólatras, ainda que o alcoolismo possa ser mais perigoso nas classes mais baixas pela maior dificuldade no acesso a recursos médicos.
h) Fatores geográficos: apesar de 54% dos adultos dos centros urbanos usarem álcool pelo menos uma vez ao mês contra 24% daqueles de áreas rurais, a vida na cidade ou no campo não afeta os riscos de se desenvolver alcoolismo.
i) Excesso de açúcar: As pessoas que comem açúcar em excesso (por ansiedade) também apresentam um risco maior de alcoolismo.